Boyhood e A Teoria de Tudo em grande nos BAFTA

Épico de Richard Linklater eleito melhor filme numa noite que consagrou Julianne Moore e Eddie Redmayne.

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Experiência única no campo do cinema de ficção, Boyhood, realizado em 39 dias durante um período de 12 anos pelo norte-americano Richard Linklater, impôs-se como o melhor filme da noite ao burlesco de Wes Anderson Grand Budapest Hotel, a O Jogo da Imitação (Morten Tyldum), Birdman e A Teoria de Tudo (James Marsh). E não se ficou por aqui: o filme venceu igualmente nas categorias de melhor actriz secundária (Patricia Arquette) e melhor realizador.

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Experiência única no campo do cinema de ficção, Boyhood, realizado em 39 dias durante um período de 12 anos pelo norte-americano Richard Linklater, impôs-se como o melhor filme da noite ao burlesco de Wes Anderson Grand Budapest Hotel, a O Jogo da Imitação (Morten Tyldum), Birdman e A Teoria de Tudo (James Marsh). E não se ficou por aqui: o filme venceu igualmente nas categorias de melhor actriz secundária (Patricia Arquette) e melhor realizador.

Julianne Moore confirmou o seu estatuto de ultrafavorita ao Óscar ao ganhar o BAFTA de melhor actriz pelo seu papel em O Meu Nome é Alice, no qual interpreta uma mulher com a doença de Alzheimer. A história de amor que uniu Stephen Hawking à sua primeira mulher, contada em A Teoria de Tudo, convenceu a British Academy of Film and Television Arts, que lhe deu os BAFTA de melhor filme britânico, melhor argumento adaptado e melhor actor (Eddie Redmayne). O astrofísico fez-se acompanhar na cerimónia da sua antiga mulher e recebeu uma ovação de pé quando surgiu em palco para entregar o BAFTA de melhores efeitos especiais a Interstellar, de Christopher Nolan.

Coube ao actor britânico Stephen Fry fazer as honras de anfitrião da noite que nos últimos anos se tornou mais relevante no caminho até aos Óscares, entregues dia 22. Isto porque, apesar de o número de votantes em comum entre os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood e da Academia britânica ser de apenas 20% (sobretudo actores), nos últimos seis anos o BAFTA de melhor filme coincidiu com o Óscar de melhor filme. Os BAFTA mudaram-se há 14 anos de Abril para Fevereiro, o que também ajuda à sua integração no calendário dos prémios. 

As contas e as previsões complexificaram-se este ano exactamente por causa dos BAFTA, porque até domingo à noite o favoritismo de Birdman parecia confirmar-se - venceu o prémio da Guilda dos Produtores, que nos últimos sete anos previu o Óscar mais desejado, e Iñarritu conquistou também o prémio da Guilda dos Realizadores, outro forte indicador com 60 coincidências em 67 anos com o Óscar de melhor realizador e 53 previsões acertadas para o melhor filme. Mas Birdman, que concorria a dez prémios da Academia britânica, ficou-se pelo BAFTA de melhor fotografia. 

Cinco vezes Wes Anderson
Grand Budapest Hotel, o filme mais nomeado para os BAFTA e que, tal como Birdman, tem nove nomeações para os Óscares, terminou a noite londrina com cinco estatuetas, a maioria em categorias técnicas (melhor música, melhor caracterização, melhor figurino e melhor direcção de arte) mas também com o de melhor argumento original.

Whiplash – Nos Limites, a segunda longa-metragem de Damien Chazelle que se estreou no Festival de Sundance de 2014 e se foca na relação tirânica de um professor de jazz (J.K. Simmons) com o seu aluno de bateria (Miles Teller), venceu três BAFTA, incluindo os de montagem, som e melhor actor secundário (Simmons).

O Jogo da Imitação, sobre a vida do génio matemático Alan Turing (interpretado por Benedict Cumberbatch) e um dos principais favoritos da noite (nove nomeações no total), deixou a sala de mãos vazias.

Do lado do documentário, o prémio foi para Citizenfour, da norte-americana Laura Poitras. O filme, também na corrida ao Óscar, investiga a história do ex-consultor da NSA Edward Snowden e a forma como revelou a extensão dos programas de vigilância do governo dos Estados Unidos.

O BAFTA de melhor filme de animação foi para O Filme Lego, um dos grandes ausentes da lista de candidatos ao Óscar na mesma categoria, e o de melhor filme estrangeiro para Ida, Pawel Pawlikowski, o recente vencedor do prémio Lux da Academia Europeia de Cinema e um dos cinco nomeados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Numa noite de muitas homenagens, a principal foi para o realizador britânico Mike Leigh, que recebeu um BAFTA de carreira pelo conjunto da sua obra num ano que o viu regressar com Sr. Turner, o seu filme biográfico sobre o génio da pintura britânica com mesmo nome.