O admirável mundo novo dos têxteis técnicos

A ciência e a tecnologia impregnaram os tecidos que a maioria das empresas produz, mas em Portugal há um sector da indústria que vai para lá da modernidade e consegue estar na vanguarda dos têxteis técnicos.

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A TMG Automotive entrou na cadeia de fornecedores do i3 da BMW DR

Uma avaliação do Citeve calcula que 20% do total das exportações portuguesas do sector se enquadra nesta categoria. A maioria incorpora doses moderadas de tecnologia ou de ciência, mas há empresas como a Coindu, de Joane, ou a Têxtil Manuel Gonçalves Automotive que estão na vanguarda da criação de tecidos para aplicação na exigente indústria automóvel.

Falar hoje de têxtil é por isso um assunto bem mais complexo do que antigamente. “Estive há tempos num congresso da indústria em Dresden [Alemanha] e quase não se falou de roupa. Falou-se sim da indústria automóvel, da aeroespacial ou da construção”, nota Braz Costa, administrador do Citeve e do Centi, um centro de investigação nas áreas da nanotecnologia e dos materiais inteligentes com sede em Famalicão. Não admira por isso que o maior produtor e exportador têxtil da Europa seja a Alemanha. Não de peúgas ou de t-shirts, mas de materiais com que se fazem os painéis dos automóveis, próteses médicas, peças de motores ou asas de aviões.

Inovação compensa
A têxtil de ponta é hoje um domínio da investigação e do desenvolvimento. Boa parte das patentes de tecidos ou de malhas mais avançados são criadas em laboratórios de empresas e universidades dos Estados Unidos. Como a Lycra. Ou o X-Static. Quem quiser produzir essas malhas ou tecidos tem de pagar royalties aos seus autores. E como todos os anos há novos e rentáveis produtos, a investigação é cada vez mais a espinha dorsal da têxtil competitiva.

“Uns 70% dos têxteis do futuro estão ainda por inventar”, nota, em tom de desafio, Paulo Vaz, director-geral da Associação de Têxteis e Vestuário de Portugal, ATP. “Hoje as empresas têm absoluta necessidade de ter inovação”, acrescenta Braz Costa. Precisam de saberes da química, da física, da engenharia dos materiais.

A necessidade de técnica tornou-se transversal a praticamente todas as produções da indústria. A Lameirinho, por exemplo, produz capas de edredões com algodão que fica por natureza enrugado (não precisa de ser engomado) e isso exige saber industrial. A Petratex produziu o fato de banho LZR Racer para Michael Phelps (foi considerado pela revista Time uma das invenções do ano de 1998) recorrendo a ultra-sons para efectuar costuras e criou o Vital Jacket, uma t-shirt de monitorização cardíaca, com a ajuda da investigação da Universidade de Aveiro.

Automóvel segue à frente
Mas é talvez na área do automóvel que a nova geração da indústria têxtil portuguesa começa a dar provas de vanguardismo. A Coindu (que tem uma fábrica na Roménia e dois centros de desenvolvimento na Alemanha) tem a responsabilidade de produzir os interiores da próxima geração do Q7, o SUV que a Audi vai comercializar em 2016.

E a TMG Automotive entrou na cadeia de fornecedores dos modelos i3 e i8 da BMW. O domínio das fibras de carbono e de materiais compósitos são para estas empresas muito mais críticos do que a gestão de teares.

Quando se sabe que as asas do Airbus 350 serão feitas com estes materiais, percebe-se a oportunidade e o desafio que está pela frente.
 

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Uma avaliação do Citeve calcula que 20% do total das exportações portuguesas do sector se enquadra nesta categoria. A maioria incorpora doses moderadas de tecnologia ou de ciência, mas há empresas como a Coindu, de Joane, ou a Têxtil Manuel Gonçalves Automotive que estão na vanguarda da criação de tecidos para aplicação na exigente indústria automóvel.

Falar hoje de têxtil é por isso um assunto bem mais complexo do que antigamente. “Estive há tempos num congresso da indústria em Dresden [Alemanha] e quase não se falou de roupa. Falou-se sim da indústria automóvel, da aeroespacial ou da construção”, nota Braz Costa, administrador do Citeve e do Centi, um centro de investigação nas áreas da nanotecnologia e dos materiais inteligentes com sede em Famalicão. Não admira por isso que o maior produtor e exportador têxtil da Europa seja a Alemanha. Não de peúgas ou de t-shirts, mas de materiais com que se fazem os painéis dos automóveis, próteses médicas, peças de motores ou asas de aviões.

Inovação compensa
A têxtil de ponta é hoje um domínio da investigação e do desenvolvimento. Boa parte das patentes de tecidos ou de malhas mais avançados são criadas em laboratórios de empresas e universidades dos Estados Unidos. Como a Lycra. Ou o X-Static. Quem quiser produzir essas malhas ou tecidos tem de pagar royalties aos seus autores. E como todos os anos há novos e rentáveis produtos, a investigação é cada vez mais a espinha dorsal da têxtil competitiva.

“Uns 70% dos têxteis do futuro estão ainda por inventar”, nota, em tom de desafio, Paulo Vaz, director-geral da Associação de Têxteis e Vestuário de Portugal, ATP. “Hoje as empresas têm absoluta necessidade de ter inovação”, acrescenta Braz Costa. Precisam de saberes da química, da física, da engenharia dos materiais.

A necessidade de técnica tornou-se transversal a praticamente todas as produções da indústria. A Lameirinho, por exemplo, produz capas de edredões com algodão que fica por natureza enrugado (não precisa de ser engomado) e isso exige saber industrial. A Petratex produziu o fato de banho LZR Racer para Michael Phelps (foi considerado pela revista Time uma das invenções do ano de 1998) recorrendo a ultra-sons para efectuar costuras e criou o Vital Jacket, uma t-shirt de monitorização cardíaca, com a ajuda da investigação da Universidade de Aveiro.

Automóvel segue à frente
Mas é talvez na área do automóvel que a nova geração da indústria têxtil portuguesa começa a dar provas de vanguardismo. A Coindu (que tem uma fábrica na Roménia e dois centros de desenvolvimento na Alemanha) tem a responsabilidade de produzir os interiores da próxima geração do Q7, o SUV que a Audi vai comercializar em 2016.

E a TMG Automotive entrou na cadeia de fornecedores dos modelos i3 e i8 da BMW. O domínio das fibras de carbono e de materiais compósitos são para estas empresas muito mais críticos do que a gestão de teares.

Quando se sabe que as asas do Airbus 350 serão feitas com estes materiais, percebe-se a oportunidade e o desafio que está pela frente.