Criança de 12 anos foi baleada em "segundos" por um polícia em Cleveland

Tiro foi gravado em vídeo de vigilância. Rapaz tinha uma pistola de ar comprimido, que é classificada como um brinquedo, mas os agentes actuaram com enorme rapidez.

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Imagens do vídeo onde o carro da polícia pára mesmo ao pé de Tamir Rice Polícia de Cleveland

O vídeo mostra Tamir Rice a andar de um lado para o outro num passeio, durante pelo menos três minutos. É visto a brincar na neve, mas também a mostrar a sua pistola de ar comprimido (classificada como brinquedo nos Estados Unidos) a pelo menos uma pessoa, num tom ameaçador, e a apontá-la a algo ou alguém que não surge nas imagens.

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O vídeo mostra Tamir Rice a andar de um lado para o outro num passeio, durante pelo menos três minutos. É visto a brincar na neve, mas também a mostrar a sua pistola de ar comprimido (classificada como brinquedo nos Estados Unidos) a pelo menos uma pessoa, num tom ameaçador, e a apontá-la a algo ou alguém que não surge nas imagens.

Foi esse comportamento que levou uma testemunha a alertar a polícia. Na gravação, o autor da chamada refere por duas vezes que a pistola é "provavelmente falsa", e diz que o suspeito "parece ser uma criança", mas essa informação não foi transmitida aos agentes que foram enviados para o local.

Na primeira versão dos acontecimentos, o vice-comandante da polícia de Cleveland, Edward Tomba, disse que os agentes gritaram três vezes para Tamir Rice levantar os braços, mas o rapaz terá levado uma das mãos à cintura para puxar da pistola, que se assemelhava mais a uma arma de fogo por não ter a cápsula cor de laranja que a identificaria como um brinquedo.

Mas a divulgação do vídeo levantou uma série de questões, que poderão alterar a forma como a opinião pública vê este caso, numa altura em que a morte de um adolescente negro na cidade de Ferguson tem motivado violentos protestos.

Os pais de Tamir Rice reagiram através de um comunicado, em que apelam à calma e dizem esperar que a polícia de Cleveland e o gabinete do procurador do condado de Cuyahoga "investiguem minuciosamente os acontecimentos", o que poderá levar à constituição de um grande júri para decidir se o agente que disparou será julgado.

"Estamos convencidos de que a situação poderia ter sido evitada, e de que Tamir deveria ainda estar entre nós. O vídeo mostra uma coisa distintamente: os agentes da polícia reagiram com muita rapidez", lê-se no comunicado.

O que está em causa não é tanto o facto de a criança ter uma arma que é considerada um brinquedo, mas sim os procedimentos seguidos pelos dois agentes para lidarem com a situação.

Em vez de parar o carro-patrulha a alguma distância, o agente que seguia ao volante, identificado como Frank Garmback, de 46 anos, entrou no parque e travou a poucos metros do rapaz. "Entre um segundo e meio e dois segundos depois", segundo o responsável da polícia, o agente Timothy Loehmann, de 26 anos, disparava dois tiros à queima-roupa contra Tamir Rice, que acabaria por morrer no hospital, no domingo.

Questionado sobre o facto de os agentes não terem recebido a informação de que a pistola seria "provavelmente falsa" e que o suspeito parecia ser uma criança, Edward Tomba disse apenas que essa questão faz parte do inquérito em curso.

O vice-comandante da polícia de Cleveland admitiu que o agente que conduzia o carro-patrulha deveria ter parado num local mais afastado do rapaz ("É uma pergunta legítima e nós temos procedimentos para isso). Mas frisou que o caso vai continuar a ser investigado.