FMI sobe tom dos alertas contra o crescimento lento e a inflação baixa na zona euro

Fundo apela a que o BCE tome mais medidas, a Alemanha reforce o investimento e todos os países avancem para reformas estruturais.

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FMI reviu em baixa previsões de crescimento da zona euro

No passado mês de Julho, nas previsões intercalares, o fundo apontava para um crescimento de 1,1% na zona euro em 2014. Agora, passados três meses, a estimativa passou para 0,8%. É nas maiores economias da zona euro que se registaram as mais significativas revisões em baixa. Alemanha (ainda assim a crescer 1,4%), França (cada vez mais perto da estagnação com 0,4%) e Itália (em recessão em 2014, com uma quebra de 0,2%) ficaram agora com previsões mais pessimistas, tornando inevitável um abrandamento do total da economia da zona euro.

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No passado mês de Julho, nas previsões intercalares, o fundo apontava para um crescimento de 1,1% na zona euro em 2014. Agora, passados três meses, a estimativa passou para 0,8%. É nas maiores economias da zona euro que se registaram as mais significativas revisões em baixa. Alemanha (ainda assim a crescer 1,4%), França (cada vez mais perto da estagnação com 0,4%) e Itália (em recessão em 2014, com uma quebra de 0,2%) ficaram agora com previsões mais pessimistas, tornando inevitável um abrandamento do total da economia da zona euro.

“O cenário é de uma recuperação modesta e de uma inflação baixa”, diz o FMI no seu relatório, assinalando que “o produto e o investimento continuam bem abaixo dos níveis de antes da crise”. As causas para este problema são identificadas: “os legados da crise – procura inadequada, dívida elevada e desemprego – continuam a colocar desafios a um crescimento mais robusto e mais sustentado”.

O FMI avisa ainda que há riscos de as novas previsões para a zona euro pecarem por ser demasiado optimistas. “O risco de crescimento lento prolongado e de uma inflação baixa persistente são altos. E se estes riscos se materializarem, os seus efeitos far-se-ão sentir por toda a Europa”, afirma.

No relatório, o FMI evita usar a palavra deflação, mas é esse cenário – que levou por exemplo o Japão a duas décadas de estagnação económica – que o fundo tenta agora evitar quando dá conselhos aos responsáveis políticos europeus.

As recomendações são muito diferentes daquelas que têm sido dadas a Portugal durante os últimos anos. Ao Banco Central Europeu (BCE), o fundo diz que “se o cenário não melhorar, tem de estar disposto a fazer mais, incluindo compras de dívida pública”. Aos governos diz que a política orçamental “não deve ser novamente apertada no caso de surpresas negativas no crescimento”, especificando que “na Alemanha, há fortes argumentos para que exista um aumento do investimento público”.

Especificamente para os países endividados como Portugal, o fundo repete uma mensagem muitas vezes transmitida nos últimos anos: reformas estruturais. “Maior flexibilidade nos mercados de trabalho e de produto nos países endividados e mais investimento privado e em infra-estruturas nos países credores devem aumentar a produtividade, o emprego e o crescimento, ajudando a reequilibrar a zona euro”, afirma o relatório.

Estas recomendações servem para atingir aquilo que o FMI diz ser a prioridade para a zona euro: “atingir um crescimento acima da tendência e aumentar a inflação”.