Michael fumou três maços por dia e a viúva pode agora receber indemnização milionária

Tribunal norte-americano condenou empresa a pagar 17,5 mil milhões de euros à viúva de um homem que morreu de cancro no pulmão.

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Spencer Platt / AFP

Michael Johnson morreu há 18 anos na sequência de um cancro no pulmão, então com 36 anos. Para a sua viúva, Cynthia Robinson, havia um culpado muito óbvio: os cigarros vendidos pela RJ Reynolds, que Michael fumava desde os 13 anos, a um ritmo de um a três maços por dia.

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Michael Johnson morreu há 18 anos na sequência de um cancro no pulmão, então com 36 anos. Para a sua viúva, Cynthia Robinson, havia um culpado muito óbvio: os cigarros vendidos pela RJ Reynolds, que Michael fumava desde os 13 anos, a um ritmo de um a três maços por dia.

Cynthia decidiu agir e processou aquela que é a segunda maior tabaqueira nos EUA. “Ele não conseguia parar. Estava a fumar no próprio dia em que morreu”, contou à Reuters o advogado da viúva, Chris Chestnut.

Ao longo das quatro semanas do julgamento, a acusação argumentou que a RJ Reynolds não tomou as providências necessárias para alertar os consumidores para os riscos associados ao tabaco. “A RJ Reynolds correu um risco calculado ao fabricar cigarros e ao vendê-los aos consumidores sem os informar convenientemente dos riscos”, afirmou Willie Gary, outro dos advogados de Cynthia Robinson, à AFP.

O júri foi sensível aos argumentos da viúva e, após 11 horas de deliberações, decidiu atribuir uma indemnização compensatória de 12 mil milhões de euros a Cynthia e aos filhos de Michael. Noutra deliberação, o júri condenou a empresa a pagar uma indemnização adicional de 17,5 mil milhões de euros por “danos provados”.

A RJ Reynolds – que detém marcas como a Camel ou a Pall Mall – vai recorrer da decisão por considerar que o veredicto “vai bem além dos limites do razoável e da equidade”. O advogado da empresa, Jeffery Raborn, está “convencido de que o tribunal irá respeitar a lei e não permitirá que essa decisão louca se mantenha”.

Em 2006, o Tribunal Supremo da Florida rejeitou um pedido colectivo respeitante a 145 mil milhões de dólares e referiu na sentença que os fumadores e as suas famílias necessitavam de demonstrar a sua adição e que foi o consumo de tabaco que causou a doença ou a morte.

Os advogados da viúva não receiam que a decisão venha a ser recusada. “Se não virmos um cêntimo, tudo bem, desde que consigamos fazer a diferença e salvar algumas vidas”, afirmou Willie Gary.