Mais limpa e mais completa, a Vitória de Samotrácia volta a estar exposta no Louvre

Restauro custou quatro milhões de euros, um dos quais foi conseguido numa campanha de crowdfunding.

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É uma das peças-chave do Louvre e durante dez meses foi submetida a uma operação de limpeza e restauro. A figura em mármore da deusa grega alada Nike, descoberta em 1863 nas ruínas do Santuário dos Grandes Deuses na ilha grega de Samotrácia, há muito que tinha perdido a sua cor e a sua estrutura também estava a precisar de ser retocada.

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É uma das peças-chave do Louvre e durante dez meses foi submetida a uma operação de limpeza e restauro. A figura em mármore da deusa grega alada Nike, descoberta em 1863 nas ruínas do Santuário dos Grandes Deuses na ilha grega de Samotrácia, há muito que tinha perdido a sua cor e a sua estrutura também estava a precisar de ser retocada.

De acordo com os peritos responsáveis pelo restauro, esta escultura com 5,57 metros de altura e que pesa cerca de 30 toneladas não estava em risco mas era preciso recuperar algumas das suas características, visto que com os anos ganhou um tom acastanhado. Além de que a cor da escultura e da base é diferente mas com o passar do tempo já nem esta diferença era notória.

Apesar de o restauro ter sido anunciado no início do ano passado, a intervenção só avançou em Setembro com uma equipa de oito pessoas que trabalhou meticulosamente a peça grega do período helénico que representa a deusa da vitória, cuja feitura remonta a cerca de 190 anos antes de Cristo e que assenta numa base em forma de proa de navio.

No que à limpeza diz respeito, o objectivo era recuperar "o contraste entre o mármore branco de Paros da estátua e o mármore cinzento da sua base em forma de barco", como tinha explicado o director do Museu do Louvre, Jean-Luc Martinez, na altura em que foi anunciada a intervenção.

Antes do restauro, a obra apresentava ainda "alguns problemas de estrutura", que não tinham sido solucionados por um outro restauro, que já remonta a 1934. Segundo Jean-Luc Martinez, a base moderna em betão estava ligeiramente fissurada. Além disso, a equipa de especialistas, apoiados por peritos internacionais, corrigiram ainda umas pequenas falhas que a mármore apresentava já na asa esquerda. Segundo o Wall Street Journal, estas correcções não se conseguem perceber a olho nu mas fazem toda a diferença na estrutura da estátua.

Sendo esta uma das peças mais importantes do Museu do Louvre, visitado em Paris anualmente por cerca de dez milhões de pessoas, esta foi a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que a Vitória de Samotrácia foi mexida e a primeira vez que foi restaurada desde que foi instalada na escadaria principal do museu, que está também a ser alvo de um restauro, que deverá ficar concluído em 2015.

Ao longo dos dez meses que durou esta operação, os arqueólogos detectaram correcções à estátua que terão sido feitas quando esta foi descoberta no século XIX e que actualmente não seriam permitidas por serem inadequadas como por exemplo um acrescento em gesso na asa direita. No entanto, a equipa optou por não lhes mexer, como um exemplo do gosto naquela época, como explicou ao Le Fígaro, Ludovic Laugier, responsável pelo departamento de antiguidades do Museu do Louvre.

A Vitória de Samotrácia está assim de volta ao seu lugar de destaque no museu mais visitado no mundo mais limpa, mais branca e mais completa.

Esta foi uma operação que custou quatro milhões de euros, pagos em grande parte pelos mecenas do Louvre. São eles a japonesa Nippon Television Holdings, a holding francesa de gestão de activos e crédito de risco Fimalac e o programa de conservação de arte dos norte-americanos Bank of America e Merrill Lynch. No total, estas empresas investiram três milhões. O restante milhão foi conseguido através de uma campanha de crowdfunding lançada pelo museu.

No ano passado, a direcção do Louvre, encabeçada por Jean-Luc Martinez, anunciou a campanha Todos Mecenas, que somou cerca de 6700 doadores individuais e que fizeram donativos que foram de um euro aos 8500, tendo sido o donativo médio 134 euros e o mais frequente de 50 euros.

Notícia corrigida no dia 11/07 às 11h16: A equipa de oito pessoas não é apenas constituída por arqueólogos, como estava escrito anteriormente .