CIA nunca mais usará campanhas de vacinação como cobertura das suas operações

Promessa foi feita pela Casa Branca, após protesto de universidades. Disfarce foi usado para identificar casa de Bin Laden.

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Vacinação no Paquistão acompanhada de polícia, na zona de Peshawar Fayaz Aziz/REUTERS

A promessa é uma resposta de Lisa Monaco, assistente do Presidente Barack Obama para a Segurança Interna e Contra-Terrorismo, a uma carta enviada em Janeiro pelos reitores de 12 das mais importantes faculdades de Saúde Pública norte-americanas, entre as quais os das universidades de Columbia, Harvard e Johns Hopkins. Nesta carta protestavam contra o precedente aberto pela agência de espionagem norte-americana ao ter feito com que um cirurgião paquistanês, Shakil Afridi, se introduzisse na residência de Bin Laden, em Abbottabad, sob o falso pretexto de estar a conduzir um inquérito sobre a cobertura da imunização contra a hepatite.

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A promessa é uma resposta de Lisa Monaco, assistente do Presidente Barack Obama para a Segurança Interna e Contra-Terrorismo, a uma carta enviada em Janeiro pelos reitores de 12 das mais importantes faculdades de Saúde Pública norte-americanas, entre as quais os das universidades de Columbia, Harvard e Johns Hopkins. Nesta carta protestavam contra o precedente aberto pela agência de espionagem norte-americana ao ter feito com que um cirurgião paquistanês, Shakil Afridi, se introduzisse na residência de Bin Laden, em Abbottabad, sob o falso pretexto de estar a conduzir um inquérito sobre a cobertura da imunização contra a hepatite.

Afridi acabou por ser condenado por traição pela justiça paquistanesa e foi condenado a 23 anos de prisão. “Usar os esforços humanitários e de saúde pública como cobertura para a espionagem teve consequências colaterais graves que afectam a comunidade de saúde pública”, escreveram os reitores na carta, citada pelo The Washington Post. “Esta falsa campanha de vacinação excedeu os limites de danos” que podem ser aceitáveis pelas necessidades de segurança da nossa sociedade, acrescentam.

Pelo menos nove profissionais de saúde que participavam em campanhas de vacinação contra a poliomielite no Paquistão – onde resistiam ainda algumas bolsas do vírus que causa a paralisia infantil – foram mortos desde então e o esforço de imunização foi muito diminuído. Além disso, como muitos dos combatentes internacionais que estão na Síria recebem treino nas zonas de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, a doença alastrou à Síria.

A falta de condições de saúde na Síria, um país destruído pela guerra, e a fuga dos refugiados fizeram alastrar a poliomielite para mais de uma dezena de países, até ao ponto de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter já este mês declarado um estado de emergência mundial, pedindo aos diferentes países uma "acção coordenada" no combate à disseminação do vírus.

A Europa, que recebe muitos refugiados sírios, é uma zona onde o vírus se pode espalhar – no entanto, também é uma área do mundo onde há uma boa cobertura da vacinação, por isso não é de esperar que as pessoas fiquem doentes.