Louçã e Semedo apelam ao voto para evitar sonho de bloco central

Semedo promete protestos em Sintra, caso a conferência do BCE em Portugal, agendada para o dia das eleições, não seja adiada.

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Francisco Louçã: "Temos de parar esta sangria e é agora que ela deve ser parada”, Foto: Miguel Madeira

Louçã, que só voltará a discursar na recta final da campanha eleitoral, foi à margem sul do Tejo para criticar os pseudo-acordos de governação entre os “partidos da Merkel”, lamentar com ironia a festa do fim do programa da troika e dar gás ao partido para a eleição de Marisa Matias. Ainda antes da sua intervenção, Louçã disse ao PÚBLICO que a disponibilidade agora revelada por Passos Coelho e António José Seguro para governarem é uma disputa encenada e lamentou a realização da conferência do BCE, em Sintra, agendada para o dia das eleições, que classificou como um “acto de humilhação” para o país.

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Louçã, que só voltará a discursar na recta final da campanha eleitoral, foi à margem sul do Tejo para criticar os pseudo-acordos de governação entre os “partidos da Merkel”, lamentar com ironia a festa do fim do programa da troika e dar gás ao partido para a eleição de Marisa Matias. Ainda antes da sua intervenção, Louçã disse ao PÚBLICO que a disponibilidade agora revelada por Passos Coelho e António José Seguro para governarem é uma disputa encenada e lamentou a realização da conferência do BCE, em Sintra, agendada para o dia das eleições, que classificou como um “acto de humilhação” para o país.

Já no palco avaliou então a execução do programa de assistência económica e financeira para concluir que o Governo tem razão em reivindicar “missão cumprida”: 40% desemprego, dois meses de salários e pensões “roubados” aos trabalhadores e pensionistas, 100 mil emigrantes, facilitação de despedimentos, aumento de impostos, alteração dos contratos colectivos de trabalho.

“E ainda nos dizem que é missão cumprida e ainda querem os parabéns. Roubaram e querem que ainda agradeçamos pelo roubo, querem um país encolhido com medo e de mão estendida”, afirmou.

Depois, Francisco Louçã voltou a apontar a reestruturação da dívida como o primeiro e mais importante instrumento para o país alterar a sua trajectória. “Nem mais um dia dos 20 anos que o Presidente nos anuncia desta austeridade eterna. Não temos tempo”, disse, enquanto os cerca de 350 comensais aproveitaram então para assobiar a Cavaco Silva.

Mas Louçã trazia preparado um ataque a Carlos Costa: "Repararam que Christopher de Beck, único governador do BCP que não foi condenado a uma pena de prisão, foi ilibado porque alegou que sendo ele o chefe, não sabia o que o seu director geral internacional fazia com os offshores, um tal Carlos Costa, agora governador do Banco de Portugal. Talvez nessa reunião da finança se possa discutir como se pode passar entre os pingos da chuva da responsabilidade (…) e depois ainda se ser nomeado para cargos de responsabilidade”.

Certo de que Marisa Matias será eleita deputada ao Parlamento Europeu, Louçã acabou a sua intervenção a pedir votos no partido para disputar um segundo lugar. “Uma esquerda que sabe o que quer, uma esquerda de confiança”, justificou.

O actual líder, João Semedo, foi ao palco para lamentar que Passos considere prestigiante para Portugal a realização da cimeira com Mario Draghi, Christine Lagarde e Durão Barroso, e compare o evento a outro qualquer, como a realização da final da Liga dos Campeões. Uma comparação que Semedo, no entanto, não estranha, feita por um Governo que trata os portugueses a “pontapé”. Mas o líder do BE aproveitou também a intervenção para deixar a garantia de que se a cimeira do BCE não for adiada, haverá “protestos” em Sintra.

“O BE não alinha em futebóis. Não nos calaremos enquanto não virmos adiada esta cimeira”, garantiu o coordenador bloquista.

Sobre o aumento de impostos e o passa-culpas para o Tribunal Constitucional, Semedo foi lacónico: “O Governo prepara um violento aumento de impostos, seja qual for a decisão do Tribunal Constitucional, é por isso que precisamos no dia 25 de derrotar esta política e este Governo."

O líder bloquista terminou a pedir votos para o BE, dramatizando que ou há dois eurodeputados do Bloco ou mais um do CDS. O voto no PS, reforçou, é o voto no “bloco central” com que Passos e Seguro já sonham. “Votar PS não é votar em qualquer alternativa, já nem sequer é votar na alternância, é votar no bloco central”, concluiu o líder.

Marisa Matias preferiu apontar baterias à coligação que actualmente governa, para criticar um executivo que se especializou em aumentos de impostos e em culpar o Tribunal Constitucional por tudo o que corre mal. “O Governo que é responsável pelo maior aumento de impostos não pode esconder-se atrás do Tribunal Constitucional”, afirmou a cabeça de lista. A actual eurodeputada referiu-se também à “disponibilidade” revelada por Passos Coelho e Seguro para um acordo pós-legislativas, como a demonstração de que PS e PSD só são “leite e “café” nas campanhas eleitorais, passando depois rapidamente à receita de “galão”.