Reitor da Universidade do Minho recusa associar morte de três alunos a praxe

António Cunha aguarda resultados do inquérito para analisar o caso, mas lembra que práticas de praxe estão há muito proibidas dentro de portas. E lembra que a instituição tem poderes muito limitados fora das suas instalações.

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"A universidade tem um quadro muito claro” sobre a questão da praxe, sublinhou Cunha, numa declaração feita aos jornalistas na manhã desta quinta-feira: “Rejeitamos, condenamos e proibimos práticas que vão contra o nosso código de valores”. Mas mesmo que a UM faça “tudo o que está ao seu alcance” para impedir a realização de praxes entre os seus alunos, esta tem “uma capacidade de intervenção muito limitada fora dos seus muros”, defende o reitor.

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"A universidade tem um quadro muito claro” sobre a questão da praxe, sublinhou Cunha, numa declaração feita aos jornalistas na manhã desta quinta-feira: “Rejeitamos, condenamos e proibimos práticas que vão contra o nosso código de valores”. Mas mesmo que a UM faça “tudo o que está ao seu alcance” para impedir a realização de praxes entre os seus alunos, esta tem “uma capacidade de intervenção muito limitada fora dos seus muros”, defende o reitor.

Os três alunos de Engenharia Informática morreram na quarta-feira atingidos por um muro, numa zona residencial bem próximo do campus de Gualtar da UM. Várias testemunhas associam o acidente à realização de uma “guerra de cursos”, uma actividade de praxe em que as vítimas participam. No entanto, António Cunha não quer associar o sucedido com a praxe académica. Os responsáveis pela instituição de ensino superior esperam os resultados dos inquéritos policiais já iniciados “para saber o que aconteceu exactamente”.

Nesta quinta-feira, decorre também uma peritagem feita por elementos do  Departamento de Engenharia da Universidade do Minho. A alegada falta de segurança do muro era há muito comentada em Braga e já teria motivado queixas de munícipes. No entanto, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, disse não existirem relatos que apontassem para a insegurança daquela estrutura.

No curso dos três alunos falecidos, não há aulas nesta quinta-feira, mas as actividades lectivas na UM não vão ser interrompidas na sequência do acidente. No entanto, o reitor admitiu que pode haver tolerâncias nos dias dos funerais das três vítimas, cujas datas ainda não estão marcadas.

Na declaração à imprensa, Cunha classificou de “tragédia” o acidente de quarta-feira, afirmando que o mesmo “impactou fortemente a comunidade académica”. O reitor manifestou solidariedade e enviou condolências às famílias e amigos dos três jovens falecidos. Também o Ministério da Educação e Ciência (MEC) lamentou a morte dos três estudantes da Universidade do Minho, num comunicado divulgado público esta quinta-feira. “O MEC expressa profundas condolências às famílias, colegas e à instituição neste difícil momento”, lê-se no documento.

Também numa nota escrita, a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) expressa a sua “tristeza e consternação” pelo acidente, apelando “a que se respeite a privacidade de todos os envolvidos e se aguarde pelo apuramento dos factos”. A instituição não esclarece para já se a morte dos três estudantes pode ter algum impacto na realização do Enterro da Gata, a Queima das Fitas do Minho, cujo início está marcado para dentro de duas semanas.