Queda de muro mata três estudantes junto à Universidade do Minho

Vítimas estariam a participar numa "guerra de cursos", uma brincadeira entre alunos, e terão subido ao muro que ruiu. Os quatro feridos já tiveram alta.

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O muro que ruiu fica numa zona residencial junto ao campus de Gualtar da Universidade do Minho Gonçalo Delgado/NFactos
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Ao longe, o muro com as caixas de correio DR

A queda de parte de um muro, numa zona residencial junto ao campus de Gualtar da Universidade do Minho, em Braga, provocou na tarde de quarta-feira a morte de três estudantes, causando ainda quatro "feridos ligeiros", que esta quinta-feira tiveram alta, segundo o Hospital de Braga.

Todas as vítimas, rapazes com idades entre os 18 e os 21 anos, eram estudantes do curso de Engenharia Informática da Universidade do Minho.

O acidente ocorreu na Rua do Vilar, uma rua sem saída nas traseiras do principal acesso ao pólo de Braga da universidade. A via é ladeada por prédios de habitação, ocupados sobretudo por estudantes. O muro que desabou sobre os estudantes tinha cerca de dois metros de altura e caixas de correio embutidas. A falta de segurança do muro era há muito comentada em Braga e já teria motivado queixas de munícipes. No entanto, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, disse não existirem relatos que apontassem para a insegurança daquela estrutura . Esta quinta-feira, adiantou, o muro será alvo de uma peritagem por parte de técnicos do departamento de engenharia da Universidade do Minho, para averiguar as causas do acidente.

No princípio da noite de quarta-feira havia um silêncio pouco habitual na Rua do Vilar, onde o acidente atraiu muitos curiosos. O ambiente era de consternação, nesta rua normalmente ruidosa a estas horas, quando costuma ter muita gente a entrar e a sair dos muitos bares e restaurantes também aqui instalados. Vários estabelecimentos comerciais foram fechados por se encontrarem dentro do perímetro delimitado pela polícia à volta do local do acidente e mesmo os espaços fora dessa área tinham poucos clientes. Os estudantes, moradores e muitos curiosos que chegavam de carro ao som das notícias sobre o desabamento junto à Universidade do Minho, concentraram-se à volta das fitas azuis-e-brancas da PSP, à espera de perceber o que se passava. Pouca gente conversava e ouviam-se sobretudo toques de telemóveis: "Comigo está tudo bem, não te preocupes”, respondiam os jovens que os atendiam. 

Entre as centenas de pessoas no local poucas tinham testemunhado o sucedido. Corria, no entanto, a versão de que as vítimas as estariam a participar numa “guerra de cursos”, uma brincadeira entre estudantes de duas licenciaturas diferentes que costuma ter por base cânticos. Os estudantes que morreram na sequência da queda do muro eram todos alunos da licenciatura em Engenharia Informática. É essa a versão partilhada pelos alunos.

Já Luísa tem mais perguntas do que respostas: “Como é que um muro daqueles pode cair”. “Tem que ser um muro muito podre”, responde Ana, que tem 20 anos como a colega e frequenta também o curso de Engenharia Biomédica. Ao lado, um colega de faculdade tenta explicar-lhes: “Há raízes, e o peso do terreno, que podem fazer com que caia”. Mas pode também ter havido elementos estranhos à natureza a forçar a queda do muro.

Os estudantes em causa não usavam o traje académico, mas t-shirts, presume-se que identificadoras do curso. Alguns deles encontravam-se em cima do muro que ruiu. Fonte da Polícia Judiciária disse ao PÚBLICO que já foram identificadas algumas pessoas que terão testemunhado o acidente, para inquirição, e confirmou que a versão dos factos que corria era a de que as vítimas participariam em brincadeiras do âmbito da praxe, sublinhando, contudo, que esse é um aspecto que carece ainda de confirmação.

Inicialmente, foi revelado que haveria um ferido grave, mas, segundo o Hospital de Braga, em declarações à Lusa, os quatro feridos  apenas sofreram ferimentos "considerados ligeiros" e tiveram alta durante a madrugada.

O acidente, para o qual o INEM foi alertado às 19h42, ocorreu numa zona onde habitualmente decorrem actividades relacionadas com a praxe universitária.  A parte do muro que ruiu vedava um descampado, também vizinho do campus e de um antigo hospital psiquiátrico, que tem sido utilizado como local de estacionamento. A equipa de intervenção psicológica e todos os meios do INEM de Braga foram mobilizados para o local, aonde acorreram também várias viaturas de corporações de bombeiros da cidade. Os pais das vítimas foram chamados ao local.

Elementos do Laboratório da Polícia Científica da PJ do Porto também se deslocaram ao local. Segundo a Lusa, a PSP de Braga informou que vai participar o acidente ao Ministério Público, a quem caberá dar seguimento ou arquivar o caso, de acordo com o resultado das investigações.

Comunicado da universidade
Por volta das 22h, a reitoria da Universidade do Minho emitiu um comunicado sobre o assunto: "Ocorreu hoje, ao final da tarde, perto do campus de Gualtar da Universidade do Minho, um acidente de que resultou a morte de três estudantes da universidade e ferimentos em três outros. A Universidade do Minho lamenta profundamente o sucedido, apresenta às famílias dos estudantes falecidos as suas mais sentidas condolências e exprime a sua solidariedade para com todos aqueles que foram afectados por esta tragédia", lê-se no texto assinado pelo reitor António Cunha.

Na manhã desta quinta-feira também o Ministério da Educação e Ciência llamentou a morte dos três estudantes da Universidade do Minho, "após a queda de um muro na cidade" de Braga. "O MEC expressa profundas condolências às famílias, colegas e à instituição neste difícil momento", pode le-se no comunicado divulgado através do gabinete de imprensa.

 

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