Principais vendas do Benfica na era Jorge Jesus já renderam mais de 200 milhões de euros

Nemanja Matic foi o sétimo jogador a sair do Estádio da Luz por mais de 20 milhões de euros nas últimas épocas.

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Foto: Hugo Correia/Reuters

No final da temporada passada, quando a discussão em torno da renovação contratual de Jorge Jesus atingia o auge, dois factores fundamentais terão pesado na decisão da direcção do Benfica de prolongar o vínculo com o treinador: a preservação da estabilidade desportiva e as mais-valias geradas no mercado de transferências. A venda de Nemanja Matic ao Chelsea, na quarta-feira, é apenas o mais recente exemplo de uma filosofia de valorização de activos que o técnico tem exponenciado. O sérvio foi o sétimo jogador do clube a ser transferido acima da fasquia dos 20 milhões de euros desde que Jesus chegou à Luz.

Nunca o Benfica vendeu tanto e por valores tão significativos como nas últimas épocas. E se é certo que Luís Filipe Vieira, presidente do clube, tem também investido forte na altura de comprar, não é menos verdade que a maioria das apostas tem dado frutos, especialmente desde que Jorge Jesus assumiu o comando dos “encarnados”, em 2009.   

No final da primeira época, o clube vendeu, de uma assentada, Angel Di María ao Real Madrid (33 milhões de euros, 25 + 8 decorrentes da utilização e rendimento do jogador) e David Luiz (30) e Ramires (22) ao Chelsea. Por estes três jogadores, tinha desembolsado 16 milhões de euros e encaixou 85 milhões. Mesmo tendo em conta que a estes valores há que subtrair comissões, pagamento do fundo de solidariedade e outros encargos financeiros, a mais-valia é evidente.

Bem sucedidos foram também os casos de Fábio Coentrão, que Jesus reinventou como lateral-esquerdo e que rendeu aos cofres da Luz 30 milhões de euros, pagos pelo Real Madrid, em 2011; de Javi García, vendido ao Manchester City por 20,2 milhões; e de Axel Witsel, a transacção mais cara da história do clube: 40 milhões de euros desembolsados pelo Zenit.

Problemas desportivos para a equipa
A transferência de Matic para o Chelsea, oficializada a meio da semana por 25 milhões de euros, eleva para sete o número de negócios chorudos realizados na era Jorge Jesus. Feitas as contas, se juntarmos as principais saídas desde 2009-10 (ver quadro), o Benfica realizou 207,8 milhões de euros com um investimento de 38,66 (sem contabilizar salários e prémios), o que perfaz um saldo positivo de 169 milhões.

“Normalmente, quando saem jogadores do Benfica, não saem, e estou a falar em sentido figurado, para o Standard Liège. Saem para o Manchester City, para o Real Madrid, para o Chelsea. Mas quando vêm, não vêm daí. É o trabalho que me compete fazer”, assinalou ontem Jorge Jesus, durante a conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Marítimo, para a 16.ª jornada da Liga.

O técnico reconheceu, porém, que as mais-valias negociais levantam problemas desportivos à equipa. O mais premente prende-se com a ocupação da posição seis, que Matic ocupou de forma indiscutível durante época e meia. “É muito difícil encontrar um jogador com as características do Matic. Ele tem 1,96m. Estes jogadores aparecem de dez em dez anos. A sua morfologia é adequada para a posição. Ele foi uma peça rara”, defendeu.

O sérvio aproveitou a saída de Javi García para se afirmar na Luz e na Europa e não poupou elogios a Jesus na altura da partida para Londres. Mas também há vários casos de jogadores que significaram um investimento sério e que o treinador não conseguiu potenciar. Neste lote, o guarda-redes Roberto Jiménez surge à cabeça, pela avultada soma a que ascendeu o seu passe desportivo (8,5 milhões de euros) – acabaria por ser vendido ao Saragoça e, mais tarde, por incumprimento do plano de pagamentos, transferido para o Atlético Madrid, por seis milhões.

Franco Jara (5,5 milhões), por outro lado, foi contratado em 2010 como uma séria alternativa para o ataque mas tem vivido de empréstimo em empréstimo desde então. A mesma sorte tem tido o brasileiro Sidnei, um defesa central contratado antes da chegada de Jesus por cinco milhões (50% do passe) mas com o qual o treinador nunca contou. Mesmo no actual plantel, Ola John é uma incógnita dispendiosa: o Benfica desembolsou pelo holandês cerca de nove milhões.

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