Irão e Turquia pedem cessar-fogo na Síria antes da conferência de paz

É a primeira vez que os principais aliados regionais dos dois lados do conflito alinham pelo mesmo tom e pedem tréguas a pensar na cimeira de Genebra, em Janeiro.

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Davutoglu e Zarif em Teerão ATTA KENARE/AFP

A posição assumida pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, que se reuniram em Teerão, revela, pela primeira vez, uma maior abertura ao diálogo da parte dos aliados regionais. O Irão, em conjunto com a Rússia, é o maior apoiante do Governo de Bashar al-Assad, enquanto a Turquia apoia a oposição rebelde.

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A posição assumida pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, que se reuniram em Teerão, revela, pela primeira vez, uma maior abertura ao diálogo da parte dos aliados regionais. O Irão, em conjunto com a Rússia, é o maior apoiante do Governo de Bashar al-Assad, enquanto a Turquia apoia a oposição rebelde.

“Todos os nossos esforços vão no sentido de acabar com o conflito e de tornar possível um cessar-fogo, ainda antes da conferência de Genebra”, disse o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo turco, Ahmad Davutoglu, de acordo com a agência noticiosa iraniana Mehr.

“Não devemos esperar dois meses”, sublinhou Davutoglu, referindo-se à conferência de paz. “Antes disso, devemos preparar o terreno para um cessar-fogo que irá conduzir Genebra ao sucesso”, defendeu, citado pela AFP, apelando a “todas as partes do conflito a respeitarem um cessar-fogo”.

Apesar de apoiarem lados diferentes, tanto Teerão como Ancara concordaram que “não há uma solução militar” para o conflito que, desde Março de 2011, já fez mais de 120 mil mortos.

No início da semana, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou que a conferência de paz para a Síria deverá começar a 22 de Janeiro. Os preparativos da reunião têm sido marcados por avanços e recuos nos últimos meses. Em aberto ficou a possível participação do Irão nas conversações, um dos pontos que mais afastam Washington de Moscovo. Na terça-feira, o Irão disse estar disponível para participar na conferência, “sem condições prévias”. Mas não é ainda certo que os EUA venham a aceitar a sua presença nas negociações, mesmo depois de, no último domingo, terem chegado a um primeiro acordo com o regime iraniano sobre o programa nuclear do país.

Os obstáculos a uma solução pacífica em Genebra persistem. À mesa das negociações vão sentar-se os dois lados do conflito, o enviado especial da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, os EUA e a Rússia. A Coligação Nacional Síria (CNS) já anunciou que vai participar, na condição de que Assad não tenha qualquer papel na transição política, algo que o Governo sírio não assegura.

Por outro lado, vários grupos rebeldes dizem não se sentir representados pela CNS e avisam que não estão vinculados aos compromissos que ela vier a assumir. O general Salim Idriss, líder do Exército Livre Sírio, fez saber que o seu grupo não vai participar nas negociações e irá continuar a combater.