Abate de eucaliptos acende polémica em Mértola

Câmara cortou quatro eucaliptos numa área protegida da mina de S. Domingos. Responsável de centro de estudos acusa autarquia de actuar fora da lei.

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A ideia seria envolver nesta solução os pequenos produtores que estão no regadio social Daniel Rocha

O coordenador do Centro de Estudos da Mina de S. Domingos, Luís Baltazar, acusa a Câmara de Mértola de ter abatido ilegalmente eucaliptos protegidos junto a uma praia fluvial. A autarquia garante que o abate foi legal e argumenta que as árvores estavam doentes.

O responsável deste centro dedicado a promover e divulgar o património da mina de S. Domingos, no distrito de Beja, disse à Lusa que o abate ocorreu nesta terça-feira, “sem mais nem menos”. As árvores em causa estavam na área de protecção da albufeira da praia fluvial da Tapada Grande e eram, por isso, “protegidas”, garante Luís Baltazar.

“Não é possível abater eucaliptos” situados naquela área de protecção, frisou, acusando a câmara de ter abatido “ilegalmente” as árvores e cometido “uma clara violação do Plano de Ordenamento da Albufeira da Tapada Grande”.

Confrontado pela Lusa, o presidente da Câmara de Mértola, Jorge Rosa, disse que a autarquia “tem autoridade para abater árvores na zona, desde que seja necessário” e confirma ter abatido “quatro eucaliptos pequenos, porque estavam doentes”.

Jorge Rosa lembrou que o plano de ordenamento permite o arranque de árvores na zona por razões fitossanitárias e, por isso, o abate dos eucaliptos “não foi ilegal”, já que decorreu “por razões puramente fitossanitárias” e “dentro da lei”. O documento, consultado pela Lusa, refere que “só é permitido o corte ou arranque de espécies arbóreas integrantes da associação climáxica da região, nomeadamente sobreiros e azinheiras, por razões fitossanitárias”.

“As árvores, que não tinham valor histórico, nem ambiental, foram cortadas porque estavam doentes e inclinadas sobre o plano de água da albufeira, o que indiciava a sua queda, colocando em risco os frequentadores da praia”, explicou Jorge Rosa.

Por outro lado, frisou, algumas pessoas já não frequentavam a praia na zona onde estavam os eucaliptos doentes porque a “constante” queda de folhas e ramos para a água, onde acabavam por apodrecer, “causava mau cheiro”. Segundo o autarca, a câmara vai plantar outras árvores para substituir os eucaliptos cortados.

Dono do terreno pede explicações
Em comunicado enviado à Lusa, Helmfried Horster, administrador delegado da La Sabina, que explorou a mina de S. Domingos e é dona do terreno onde estavam os eucaliptos, informa que só nesta quinta-feira foi alertado para o abate e já pediu informações à autarquia para saber quem o autorizou sem prévio conhecimento da empresa.

Jorge Rosa responde que a Câmara de Mértola é a concessionária e responsável pela gestão, exploração, manutenção e conservação da área da praia fluvial e, por isso, o abate dos eucaliptos integra-se no contrato de concessão e a autarquia “não tinha que dar prévio conhecimento” à La Sabina.

Contactado pela Lusa, o oficial de relações públicas do Comando Territorial de Beja da GNR, tenente-coronel José Rosa, disse que a guarda, na sequência de denúncias, está a averiguar as circunstâncias em que ocorreu o abate dos eucaliptos.

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