Número de bombeiros mortos nos incêndios sobe para sete

Bombeiro de Valença estava internado desde 29 de Agosto, depois de ter sido apanhado pelo fogo em Sanfins.

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Dato Daraselia

O homem era motorista nos bombeiros e integrava uma equipa que combatia as chamas na freguesia de Sanfins. Naquele dia, o presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Valença, Luís Brandão Coelho, explicou à Lusa que o bombeiro foi “envolvido nas chamas” quando estava a tentar retirar a viatura, “numa reviravolta do fogo provocada pelo vento”. A viatura também foi atingida. Segundo a mesma fonte, Fernando Reis era bombeiro voluntário desde 1987 e tinha "muita experiência".

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O homem era motorista nos bombeiros e integrava uma equipa que combatia as chamas na freguesia de Sanfins. Naquele dia, o presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Valença, Luís Brandão Coelho, explicou à Lusa que o bombeiro foi “envolvido nas chamas” quando estava a tentar retirar a viatura, “numa reviravolta do fogo provocada pelo vento”. A viatura também foi atingida. Segundo a mesma fonte, Fernando Reis era bombeiro voluntário desde 1987 e tinha "muita experiência".

O bombeiro tinha sido transportado pelo INEM para o Hospital de Braga mas foi transferido no mesmo dia para a unidade de queimados do Centro Hospitalar de Coimbra, face à gravidade dos ferimentos. O bombeiro tinha queimaduras graves de terceiro grau na zona da cabeça, pescoço e membros superiores, pelo que esteve nos últimos dias em coma induzido e com respiração assistida. Segundo disse à Lusa fonte hospitalar nesta quinta-feira, o homem tinha 19% da superfície corporal queimada.

“Foi uma notícia recebida com muita consternação e emoção no nosso quartel, sobretudo porque ainda alimentávamos a expectativa de que pudesse recuperar, apesar de sabermos da gravidade do seu estado”, disse à Lusa nesta quinta-feira Luís Brandão Coelho.

Câmara de Valença de luto
Em comunicado, a Câmara de Valença manifesta o seu "profundo pesar" pela morte de Fernando Reis e adianta que a bandeira do município estará durante nesta quinta-feira a meia haste, nos Paços do Concelho, em sinal de luto. A autarquia expressa também "agradecimento e gratidão" aos soldados da paz que "nas últimas duas semanas, noite e dia, se empenharam no combate aos incêndios de forma abnegada e eficaz, na protecção às áreas residenciais e florestas do concelho".

Também a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) manifestou em comunicado "as mais sentidas condolências pela morte trágica" de Fernando Reis. "É com profundo pesar que sentimos a perda de um companheiro, bombeiro, um operacional da proteção e socorro. Associamo-nos na dor, solidarizando-nos com familiares, colegas e amigos enlutados", escreve a ANPC.

Esta é a sétima morte de um bombeiro este ano por causa dos incêndios florestais. Na terça-feira morreu Bernardo Cardoso, de 18 anos, o bombeiro de Carregal do Sal que tinha ficado gravemente ferido a 29 de Agosto em Tondela, no incêndio que pintou de negro a serra do Caramulo. O jovem ficou com queimaduras em 55% do corpo, no mesmo dia em que morreu a bombeira Cátia Pereira Dias, de 21 anos, da mesma corporação.

A notícia da morte de Cátia Pereira Dias foi conhecida no mesmo dia em que se realizou o funeral do bombeiro do Estoril (Cascais), Bernardo Figueiredo, de 23 anos, que sucumbiu aos ferimentos resultantes de outro incêndio também no Caramulo. Neste local morreu também Ana Rita Pereira, de 24 anos, da corporação de Alcabideche (Cascais), a 22 de Agosto.

No início do mês morreram António Nuno Ferreira, de 45 anos, da corporação de Miranda do Douro, e Pedro Rodrigues, de 40 anos, da Covilhã.

Fernando Reis é o 108.º bombeiro a perder a vida no combate a incêndios florestais desde 1980, segundo a contabilização feita por Duarte Caldeira, ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, que está a elaborar um estudo sobre o assunto. Este ano, o número de bombeiros mortos nos fogos ultrapassa já em mais do que o dobro a média anual desde 1980, que é de três mortes.

Os anos de 1986 (com 16 bombeiros mortos), 1992 (com 12) e 2005 (16) foram aqueles em que mais bombeiros perderam a vida no combate a incêndios.

Governo remete balanço para mais tarde
O Governo também expressou esta tarde solidariedade à família de Fernando Reis e a todos os bombeiros. Durante a conferência de imprensa sobre as conclusões do Conselho de Ministros, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, deixou "uma palavra de solidariedade e de grande respeito" para com a família deste e de todos os outros bombeiros que perderam a vida no último mês.

Questionado sobre o que pode ser feito para evitar mortes de bombeiros como as que ocorreram durante este Verão, Luís Marques Guedes respondeu que, “neste momento, o que há que ser feito é estar ao lado daqueles que estão a combater e apoiar o combate”. Citado pela Lusa, o ministro considerou que “haverá, seguramente, um segundo tempo para se fazer balanços e para se olhar para aquilo que correu bem e aquilo que correu mal e tentar encontrar soluções, em conjunto, dentro da sociedade portuguesa, que possam ir prevenindo ou minorando progressivamente os efeitos profundamente nefastos deste flagelo”.

Marques Guedes enquadrou os incêndios como “um flagelo natural”, que “ocorre ciclicamente” no território português “por razões climatéricas”, embora “em alguns casos, infelizmente, com mãos criminosas”, mas que é “um flagelo típico” de países como Portugal.

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