Correia de Campos diz que é preciso começar já a preparar renegociação da dívida

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“Temos que exigir mais tempo e menos juros. Temos de começar a negociar a dívida ou por moratória ou por congelamento ou por 'corte de cabelo' [perdão da dívida], mas temos de começar a preparar a negociação”, afirmou o eurodeputado do PS, numa intervenção no último jantar da Universidade de Verão do PSD, que termina no domingo em Castelo de Vide.

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“Temos que exigir mais tempo e menos juros. Temos de começar a negociar a dívida ou por moratória ou por congelamento ou por 'corte de cabelo' [perdão da dívida], mas temos de começar a preparar a negociação”, afirmou o eurodeputado do PS, numa intervenção no último jantar da Universidade de Verão do PSD, que termina no domingo em Castelo de Vide.

Falando sobre a “saída” para a crise, Correia de Campos elegeu a renegociação da dívida como uma das coisas a fazer, além do reconhecimento dos erros cometidos e da necessidade de confrontar a Europa com “erros cometidos e por ela forçados”.

Relativamente à renegociação da dívida e já depois de ter criticado o Governo por ceder “de uma forma frágil nas negociações, dando a sensação de que está mais do lado contrário”, o antigo ministro da Saúde manifestou dúvidas sobre se existe em Portugal alguém capaz de desempenhar tal tarefa,

“Eu duvido que haja em Portugal alguém que saiba negociar a dívida”, disse, lembrando que os gregos recorreram ao “melhor gabinete de economistas e advogados dos Estados Unidos” para tratar do assunto.

“Eu não sei se nós temos esta gente entre nós, eu não sei se temos alguém entre nós que seja capaz de preparar uma negociação”, insistiu.

Pois, acrescentou, não basta ver o primeiro-ministro a dizer que provavelmente Portugal terá de renegociar a dívida.

“Preparemo-nos para isso porque isso não é tarefa fácil, há muito a negociar aí e é para pessoas de barba rija ou mulheres de barba rija, também é possível”, frisou Correia de Campos, falando dois dias depois de o primeiro-ministro ter delegado no vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, a coordenação política das negociações com a troika.

Na sua intervenção, em que começou por abordar longamente as origens da Segurança Social, o eurodeputado socialista deixou ainda duras críticas ao actual Governo de maioria PSD/CDS-PP, condenado as “políticas erradas” seguidas e que levaram a que os últimos anos tivessem sido “anos perdidos”.

Correia de Campos retomou também uma das principais 'bandeiras’ socialistas, defendendo a redução do IVA na restauração de 23% para 13%. “A passagem do IVA da restauração de 13% para 23% é um dos mais graves erros económico-financeiros cometidos”, sustentou.