Maquinista do comboio que descarrilou acusado de homicídio por negligência

Identificadas todas as 78 vítimas mortais. Funerais realizam-se na segunda-feira em Santiago de Compostela.

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"Desde quinta-feira, às 19h40 (menos uma hora em Portugal), que ele [o maquinista Francisco José Garzón] está preso por presumível homicídio por negligência", declarou o governante em conferência de imprensa, citado pela AFP. Antes, o ministro visitou o local do acidente e disse aos jornalistas, segundo o El Mundo, que havia "indícios racionais" de uma "eventual responsabilidade" do maquinista e que essa seria "determinada" pelo juiz.

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"Desde quinta-feira, às 19h40 (menos uma hora em Portugal), que ele [o maquinista Francisco José Garzón] está preso por presumível homicídio por negligência", declarou o governante em conferência de imprensa, citado pela AFP. Antes, o ministro visitou o local do acidente e disse aos jornalistas, segundo o El Mundo, que havia "indícios racionais" de uma "eventual responsabilidade" do maquinista e que essa seria "determinada" pelo juiz.

O maquinista saiu entretanto do hospital e foi escoltado por carros da polícia, revela o jornal espanhol El País.

Neste sábado, terminou a identificação das 78 vítimas mortais. Para além de 70 espanhóis, morreram cidadãos da Argélia, França, Itália, EUA, Venezuela, México, República Dominicana e Brasil. Entre os 81 feridos, 31 continuam em estado grave. No comboio Alvia seguiam 222 pessoas.

Entre elas, o maquinista Francisco José Garzón, que conduzia em excesso de velocidade na aproximação da curva de A Grandeira onde o comboio descarrilou. Está sob custódia policial por um “delito vinculado à autoria do acidente”. Teve alta do hospital e está desde este sábado de manhã sob detenção numa esquadra.

Foi aconselhado, segundo disse a família ao jornal El País, a apenas prestar declarações quando for chamado a depor perante um juiz e na presença de um advogado, o que deverá acontecer este fim-de-semana. A principal prova contra ele são as suas próprias palavras, lembra o El País, referindo-se ao telefonema que o maquinista fez a um responsável da empresa ferroviária Renfe no qual confessou que seguia a 190 quilómetros por hora, quando o limite era de 80.

Francisco José Garzón vai ser acusado de 78 homicídios por imprudência pelas 78 mortes no comboio, escreve a imprensa espanhola, se o juiz determinar que não houve nenhuma outra razão para o comboio seguir em excesso de velocidade a não ser o seu comportamento.

Enquanto decorre a investigação judicial, que tenta esclarecer se houve outra razão para o limite de velocidade ser ultrapassado, muitas questões estão por esclarecer, dizem os jornais espanhóis. Uma delas é a de saber se o comboio poderia não ter descarrilado, mesmo seguindo em excesso de velocidade.

Os presidentes da Renfe e da empresa de infra-estruturas férreas Adid responsabilizam o maquinista pelo acidente, apoiando-se no que ele próprio disse. No caso de também estas duas empresas serem responsabilizadas, as suas seguradoras terão de indemnizar as famílias das vítimas.

Entre estas vítimas estavam pessoas que viajavam nessa noite do feriado de Santiago para assistir ao fogo-de-artifício sobre a catedral onde agora se realizarão os seus funerais.

Notícia actualizada: acrescentada a nacionalidade das vítimas mortais.