Uma pessoa em início de carreira é uma prostituta

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O Black Riot Book é um "mãonifesto". Ou "mão-no-festo". Não é bem um fanzine, não é bem uma revista, não é bem um panfleto. É tudo isso, nada disso, e muito mais. Produto da Ei! - Edições Independentes, mostra a visão de onze pessoas, da escrita ao design, acerca de um tema: Prostituição. Os editores partiram de uma premissa pessoal: "Qualquer pessoa hoje em início de carreira é uma prostituta." Os artistas adoptaram-no como quiseram. A capa preta esconde o trabalho manual: há páginas dactilografadas, escritas a caneta, com cortes de xis-acto, guilhotina e cisalha. Cada um demorou nove horas a ficar pronto — existem 25. Doze para venda, doze enviados a pessoas próximas, um para arquivo. Daniel Oliveira, Marta Sofia Nunes e André da Rocha compõem o trio de editores de um produto que quer "recuperar as técnicas de manufactura do papel", explica André, ideólogo, que encontra no papel uma forma de "alienação". "A minha ideologia seria mesmo que fosse um movimento. Dificilmente lá chegará, mas há esse pressuposto ou, se calhar, uma arrogância." Um movimento concentrado no próprio suporte numa época em rápida transiçao. Professor de português e inglês, André voltou-se para a Ei! quando caiu no desemprego. O Black Riot Book é a resposta a duas vontades: dar espaço às suas "ambições no mundo da escrita" e "voz" a quem não a tem. O próximo sai em Julho. Tema: Janela.