Beppe Grillo recusa aliança com Bersani, “o morto que fala”

O líder do centro-esquerda tem cada vez menos opções para formar Governo, depois da nega do Movimento 5 Estrelas.

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Beppe Grillo não vai dar o seu voto de confiança a nenhum governo Giorgio Perottino/ REUTERS

“O Movimento 5 Estrelas [M5S] não dará nenhum voto de confiança a um governo do Partido Democrático – ou a qualquer outro. Votará as leis que respeitarem o seu programa, seja quem for que as proponha. Se Bersani quiser propor a abolição do financiamento público aos partidos, incluindo das últimas eleições, votaremos imediatamente (o M5S renunciou aos 100 milhões de euros que lhe foram atribuídos); se colocar no calendário aprovação do rendimento mínimo garantido, votaremos com paixão”, escreveu.

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“O Movimento 5 Estrelas [M5S] não dará nenhum voto de confiança a um governo do Partido Democrático – ou a qualquer outro. Votará as leis que respeitarem o seu programa, seja quem for que as proponha. Se Bersani quiser propor a abolição do financiamento público aos partidos, incluindo das últimas eleições, votaremos imediatamente (o M5S renunciou aos 100 milhões de euros que lhe foram atribuídos); se colocar no calendário aprovação do rendimento mínimo garantido, votaremos com paixão”, escreveu.

A ilustrar o comunicado de Grillo, uma imagem que mostra o resultado prático da sua decisão: várias fotografias de Pier-Luigi Bersani, uma das quais vestido como um fantasma, debaixo de um título “O morto que fala” (referência ao clássico filme com o comediante Totò).

O líder do Partido Democrático não respondeu directamente às provocações de Grillo – que também o chamou de “stalker político”, que “faz propostas indecentes” e “devia demitir-se”. “Venha dizê-lo na minha cara, no Parlamento”, reagiu Bersani.

Mas a sua tarefa de formar Governo está seriamente em risco, depois da respostas negativa de Grillo, e depois de um dos seus aliados de coligação, Nichi Vendola, do partido Esquerda Ecologia e Liberdade, se ter posto à margem de qualquer “aliança de Governo” com a direita de Silvio Berlusconi. “Não à grande coligação”, rejeitou liminarmente, à saída de uma reunião com Bersani.

O nervosismo político em Itália continua e já teve implicações diplomáticas: o Presidente da República, Giorgio Napolitano, cancelou à ultima hora uma reunião com o presidente do SPD alemão, Peer Steinbrück, que comentou com eleitores do seu partido a sua “surpresa com a vitória dos dois palhaços italianos” – uma referência a Beppe Grillo, comediante de profissão, e ao ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Entretanto, uma nova emissão de 6,5 mil milhões de euros de dívida pública italiana, com prazos de 5 e 10 anos, encontrou uma “procura sólida” e foi colocada a uma taxa inferior aos 5%, ainda longe do limiar considerado determinante para um pedido de resgate financeiro, e que é acima dos 7%.

Mas a subida da taxa exigida ao tesouro italiano não pode deixar de ser vista como um sinal de aviso dos investidores face à instabilidade que se perspectiva no curto prazo. Os mercados ainda não entraram em pânico, mas já acenderam as luzes amarelas que assinalam perigo – o que pode agravar o custo das próximas emissões.