Ex-ministro de Sócrates diz que “PS precisa de fazer mais" para ser alternativa

Antigo ministro de José Sócrates quer congresso do partido o mais cedo possível e apoia "alguma contenção" por parte do Presidente da República.

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Silva Pereira desvaloriza a emissão de dívida desta semana Nuno Ferreira Santos

Silva Pereira, que falava numa entrevista à Rádio Renascença, defendeu que “a missão de qualquer partido, sobretudo do maior partido da oposição, é estar preparado e oferecer uma alternativa”. E acrescentou: “Creio que o secretário-geral do PS está consciente dessa necessidade de fazer mais. Quando [António José Seguro] diz que vai agora acelerar os calendários e o trabalho dentro do PS para apresentação de propostas adicionais está a sinalizar que pretende fazer trabalho em cima do trabalho feito para que essa alternativa do PS possa parecer aos olhos dos portugueses como mais consciente e mais credível”.

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Silva Pereira, que falava numa entrevista à Rádio Renascença, defendeu que “a missão de qualquer partido, sobretudo do maior partido da oposição, é estar preparado e oferecer uma alternativa”. E acrescentou: “Creio que o secretário-geral do PS está consciente dessa necessidade de fazer mais. Quando [António José Seguro] diz que vai agora acelerar os calendários e o trabalho dentro do PS para apresentação de propostas adicionais está a sinalizar que pretende fazer trabalho em cima do trabalho feito para que essa alternativa do PS possa parecer aos olhos dos portugueses como mais consciente e mais credível”.

Ainda a propósito do seu partido, o antigo ministro da Presidência de José Sócrates afirmou que era conveniente que “o congresso electivo pudesse realizar-se tão breve quando possível”, precisamente para se poder proteger a estabilidade política e construir uma alternativa credível.

Questionado sobre a postura de Cavaco Silva ao longo dos últimos meses, Silva Pereira sublinhou na mesma entrevista que “uma coisa é o papel dos partidos da oposição outra coisa é o papel do Presidente da República. Pela minha parte, não considero que seja função do Presidente da República estar constantemente a posicionar-se em relação à governação como se fosse um inspirador de uma estratégia governativa”. “Se um Presidente da República que é eleito por sufrágio universal directo não tem alguma contenção no modo como se confronta com a legitimidade política da maioria governativa isso potencia muito os conflitos”, insistiu.

Em relação ao documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado neste mês e que apresenta algumas propostas para o Governo reduzir cerca de 4000 milhões de euros nas funções do Estado, Silva Pereira considerou que “o relatório do FMI não acrescenta respeitabilidade nenhuma ao FMI”. Para o socialista o documento está “cheio de pressupostos errados” e faz uma “destruição grosseira da realidade portuguesa e da sua realidade comparada com a de outros países”.

Ainda à Renascença, lamentou que o FMI tenha sido “influenciado pelos dados fornecidos pelo próprio Governo”. “Os técnicos do FMI encarregues desta tarefa tinham obrigação por si próprios de não se prestar a um serviço que não pode constituir uma boa base para um debate público sério.

Por último, o socialista desvalorizou o regresso de Portugal aos mercados para emitir nova dívida a cinco anos nesta quarta-feira. “As notícias não são o que parecem. É uma operação sindicada e que tem muito de artificial, que é construída e que é protegida e que, além do mais, é sobretudo sustentada naquilo que são as consequências da intervenção do Banco Central Europeu junto dos mercados e em particular do sector financeiro”. Em contraponto, Silva Pereira disse que faz mais falta ao país que o primeiro-ministro tenha um discurso público semelhante ao do homólogo irlandês que tem vindo a insistir na necessidade de renegociar a dívida.