Londres ameaça invadir embaixada do Equador para prender Assange

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“Recebemos a ameaça expressa e por escrito”, afirmou ontem Ricardo Patiño numa conferência de imprensa, citado pela BBC, acrescentando que considera esta atitude “imprópria de um país democrático, civilizado e que respeita o Direito”.

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“Recebemos a ameaça expressa e por escrito”, afirmou ontem Ricardo Patiño numa conferência de imprensa, citado pela BBC, acrescentando que considera esta atitude “imprópria de um país democrático, civilizado e que respeita o Direito”.

Patiño declarou que "a entrada não autorizada na embaixada do Equador seria uma violação flagrante da Convenção de Viena". E sublinhou: “Não somos uma colónia britânica. Esses tempos são passado.”

Julian Assange, fundador do site Wikileaks - que em 2010, publicou informações diplomáticas secretas, muitas delas sobre a intervenção militar dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque - , pediu asilo à embaixada do Equador em Junho para evitar a extradição para a Suécia, onde é acusado de agressão e violação sexual. O australiano de 41 anos, que nega os crimes, quer evitar a extradição para a Suécia e depois para os Estados Unidos.

Assange está desde então dentro da embaixada equatoriana em Londres.

O governo do Equador prometeu revelar nesta quinta-feira a decisão quanto ao pedido de asilo. Enquanto isso não acontece, foi reforçada a presença policial britânica nas imediações da embaixada.

Na carta enviada ao governo do Equador, Londres admite invocar uma lei de 1987 que lhe permite levantar a imunidade a uma embaixada em solo britânico, caso o Equador resolva dar asilo a Assange. Isto porque, afirma, tem a "obrigação legal" de extraditar Assange para a Suécia, como decidiu o Supremo Tribunal de Justiça britânico.

“Temos de reiterar que consideramos que o uso das premissas diplomáticas neste sentido é incompatível com a Convenção de Viena e é insustentável, e já deixámos claro as sérias implicações que isso poderá ter nas nossas relações diplomáticas”, afirma o governo inglês, na carta citada pela BBC.

O governo britânico reagiu, entretanto, às declarações de Patiño, afirmando que apenas "chamou a atenção do Equador sobre as disposições da legislação britânica, entre elas as garantias sobre os direitos humanos" nos processos de extradição no país e o "status legal das sedes diplomáticas".

Num comunicado emitido já nesta quinta-feira, a Wikileaks condena a ameaça britânica. "Uma ameaça desta natureza é um acto hostil e extremo, que não é proporcional às circunstâncias, e é um ataque sem precedentes aos direitos dos cidadãos que procuram asilo por todo o mundo", afirma a Wikileaks.

Em directo: à porta da embaixada do Equador
Declarações do embaixador Ricardo Patiño