PT negoceia com ZON e Joaquim Oliveira reentrada na Sport TV com quotas iguais

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Intenção da PT e da ZON é fazer baixar os preços dos direitos sobre o futebol pedidos por Joaquim Oliveira Pedro Cunha

A Portugal Telecom está a negociar com a ZON Multimédia e com a Sportinveste, de Joaquim Oliveira, a sua entrada no capital da Sport TV. A solução, apurou o PÚBLICO, passará por um cenário em que os três proprietários terão uma quota com igual peso.

A ambição será antiga e hoje, com o mercado da oferta de conteúdos premium a mexer com algum turbilhão, fará cada vez mais sentido. E o objectivo final da PT será funcionar como força de pressão com a ZON para que Oliveira baixe os preços dos direitos sobre o futebol.

O Jornal de Negócios noticiava ontem que Joaquim Oliveira pretendia manter a sua quota de 50% e que o negócio envolveria apenas a entrada da PT em 25%. Porém, essa solução colocaria as duas empresas directamente concorrentes (PT e ZON) numa posição subalterna em relação a Joaquim Oliveira. Até porque a cadeia Sport TV, constituída por seis canais nacionais e três internacionais, compra os direitos de transmissão da liga portuguesa à PPTV, outra empresa de Joaquim Oliveira.

A intenção das operadoras de terem, em conjunto, uma quota igual à de Oliveira, é obrigar o empresário a baixar os preços que cobra pelas transmissões - reduzindo assim os custos de operação da ZON e do Meo.

Actualmente a Sport TV é detida em partes iguais pela ZON Multimédia - o negócio da TV paga que foi autonomizado, em 2007, na sequência da OPA falhada da Sonaecom à PT - e pela Sportinveste SGPS do empresário Joaquim Oliveira, proprietário da Controlinveste, que detém títulos como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e a rádio TSF.

Já na altura do spin off da PT Multimédia, há cinco anos, a operadora terá equacionado a hipótese de manter a sua quota na Sport TV no perímetro do grupo. Mas na altura seria o único activo de televisão que restaria no grupo, cujo core business não estava, então, virado para os conteúdos desta natureza. Mas com o crescimento exponencial da plataforma de televisão paga Meo o cenário mudou. E actualmente a PT tem apostado no lançamento, no Meo, que conta já com cerca de 1,1 milhões de subscritores, de novos canais como é o caso de A Bola TV (a lançar na grelha base dentro de um mês) e o Correio da Manhã TV.

O negócio de entrada de um novo parceiro na Sport TV está também relacionado com a gestão dos direitos de imagem dos clubes em novas plataformas, nomeadamente na Internet, que pertencem à sociedade detida em partes iguais pela PT e pela Sportinveste SGPS, a Sportinveste Multimédia.

Questionada pelo PÚBLICO, a PT não quis fazer comentários. "Para já não fazemos comentários", respondeu, por seu turno, a Sport TV.

A esta aproximação poderá não ser alheia a relação próxima entre alguns dos protagonistas das empresas. Ainda ontem o Correio da manhã publicava uma fotografia de um almoço descontraído, que terá acontecido na quinta-feira, entre o ministro Miguel Relvas, o empresário Joaquim Oliveira e o presidente da PT, Zeinal Bava, num restaurante na praia do Ancão.

Entretanto, ontem, a Sport TV anunciou o calendário das suas transmissões dos jogos da primeira jornada da Liga de futebol. A televisão paga vai transmitir seis dos oito encontros – ficam apenas de fora do ecrã as equipas do Nacional, Vitória de Setúbal, Paços de Ferreira e Moreirense. O encontro entre o Benfica e o Sporting de Braga inicialmente agendado para domingo (dia 19) à tarde, foi ontem alterado para a noite de sábado – os bilhetes já vendidos nem sequer tinham a data e a hora do jogo. Havia o perigo de a emissão se sobrepor ao jogo entre o Gil Vicente e o Porto, marcado para domingo às 18h15.

Mantém-se o braço-de-ferro entre a Sport TV e os canais abertos, RTP, SIC e TVI, que continuam a afirmar que não comprarão os direitos de transmissão de um jogo por jornada alegando que o preço é muito alto. Nas últimas duas épocas, os direitos foram comprados pela TVI, que pagou um total de 18 milhões de euros. Nesta última semana antes do início da competição a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social deverá fazer uma última tentativa de entendimento entre as televisões.

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