Centro das Artes - Casa das Mudas

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O concelho onde se construiu o Centro das Artes é orograficamente definido por montes de altura considerável, sendo o seu núcleo urbano no vale mais profundo. Ao implantar-se na linha de festo de um desses montes, que acaba abruptamente sobre o mar, procura redesenhar a "massa montanhosa", actuando como uma topografia. Apenas quando se está próximo do edifício a sua interioridade e complexidade são reveladas.

Uma plataforma mineral e sofisticada abaixo da Casa das Mudas abarca todo o complexo museológico. Ao esculpir essa plataforma propõe-se uma dualidade funcional. Primeiro o desenho de um mirante, momento de pausa e contemplação, recuperando a velocidade lenta de leitura da paisagem, agora em parte quebrada pela criação de túneis e estruturas viárias rápidas. Seguidamente, garantir um programa museológico vasto que atribui uma nova valência à ilha.

No confronto de criar um Centro das Artes, na intensidade de uma paisagem rural, com o desejo insular e ancestral de espiar o mar, desenha-se este edifício.

Pavilhão de Vulcanismo

São Vicente, Madeira

Perante a proximidade às grutas de São Vicente e a vontade de sintetizar num edifício todo o potencial natural e turístico deste vale, surgiu o mote para a criação deste programa, que representa uma experiência didáctica do conhecimento da origem da ilha.

Constrói-se um diedro em basalto que se adossa à montanha e nela se dilui, recolhendo a água, numa atitude próxima aos muros em pedra arrumada e aos tanques de reserva de água muito usados na agricultura. Recebe a água na cobertura e transforma-a em espelho de água, ampliando a força da vegetação densa da montanha, e encaminha-a ao longo do jardim por um conjunto de canais semelhantes às levadas, um sistema de transporte de água muito marcante neste território insular.

A sua forma vence a grande diferença de cotas existentes no local, recebendo os visitantes do interior das grutas e encaminhando-os por uma longa escada-rampeada paralela ao espelho de água, que inicia a entrada neste edifício-percurso, que remete para a história vulcânica da ilha.

Passeio marítimo e complexo das Salinas

Câmara de Lobos, Madeira

Um grande e longo muro desenha e articula o limite periférico das Salinas, dialogando constantemente com o mar. Este espesso muro adossa-se e suporta a falésia numa operação estabilizadora. Simultaneamente, abriga todos os conteúdos (passeio, piscina e bar) propostos para a frente-mar, materializados com pedras vulcânicas arrumadas de forma muito sensível como os muros utilizados na agricultura, o que confere um carácter de paisagem humanizada.

Todo o projecto procura uma conjugação de vários fluxos horizontais e verticais que complementam o lugar, estruturando um espaço aberto e público para uma nova/existente paisagem. Num ponto intermédio de uma extensa intervenção com tempos diferenciados, desenha-se em primeiro lugar uma estrutura de jardim sensível à lógica dos socalcos existentes na ilha, conservando o único espaço aberto existente.

Nesta cota decide-se, após uma longa passagem por este lugar e projecto, implantar o único corpo emergente que recebe o programa de restauração. A relação entre luz e materialidade confere ao restaurante a configuração de uma espécie de "farol" deste lugar.

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