J. Edgar

Afirmação bombástica, que estaremos sempre a tempo de matizar à medida que nova prova for sendo produzida: a obra de Clint Eastwood fechou (maravilhosamente) em “Gran Torino”, e “J. Edgar”, depois de “Invictus” e “Hereafter”, é uma terceira adenda, sem peso para acrescentar alguma coisa verdadeiramente importante. Talvez a mais interessante das três adendas, na maneira como retoma temas muito caros a Eastwood. O seu Hoover, guardião de um património simbólico (“a América”, para o dizer depressa) que é preciso preservar, como num western, na zona difusa entre a Lei e a sombra fora da Lei, é por inerência uma silhueta eastwoodiana. Mas depois... Mas depois, “J. Edgar” é um biopic, cheio de chaves psicológicas (a mãe-megera de Judi Dench, personagem grotesca), onde o “eastwoodianismo” se perde dentro da convenção narrativa, sem nunca chegar a ser o monólogo de um velho assustado e semi-enlouquecido, encarcerado dentro da caverna de segurança máxima (o FBI) que ele laboriosamente construiu. Sai obra limpa, mas meramente funcional.

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