Estrelas Michelin chegam ao Vila Joya - neste festival o céu é o limite?

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Os chefs com estrelas Michelin de todo o mundo vão chegar esta semana ao Vila Joya para a 6.ª edição do International Gourmet Festival. Este ano também com estrelas de Hollywood, o festival continua a crescer e a organização quer alargá-lo a todo o país. Para já, Lisboa e Alentejo; em breve o Porto e o Douro. Alexandra Prado Coelho conta as novidades

Há dois anos, durante o festival gastronómico Tribute to Claudia, o Hotel Vila Joya, em Albufeira, Algarve, recebeu, entre os vários chefs convidados, um vindo do Japão. "O desafio era provar água para cozinhar uma sopa", recorda Gebhard Schachermayer, director executivo do Vila Joya e organizador do festival. "Tínhamos 42 tipos diferentes de água para experimentar. O chef cheirava as águas, provava algumas, e no final decidia se a água era boa ou não para fazer a sopa. Sempre achei que água fervida era água fervida e não conseguia ver nenhuma diferença entre elas. No final, o chef escolheu duas águas diferentes e preparou a sopa com ambas - o resultado foi a noite do dia."

Desde que o festival do Vila Joya foi criado, há seis anos, que Gebhard tem aprendido coisas que não imaginava sobre comida e como a cozinhar. Este ano será novamente assim. O International Gourmet Festival - Tribute do Claudia começa no próximo dia 12 e prolonga-se até 22 de Janeiro. Vão estar em Portugal, a convite da organização, 65 estrelas Michelin, vindas de Portugal, França, Alemanha, Itália, Finlândia, Suécia, Canadá, Estados Unidos. O festival é uma homenagem a Claudia Jung, fundadora do Vila Joya, que morreu em 1997.

Depois de uma noite de pré-abertura, o festival arranca a 13 com os chefs portugueses com estrelas Michelin - o chef anfitrião, Dieter Koschina, do Vila Joya, tem duas estrelas, assim como o colega "algarvio" do The Ocean, Hans Neuner. Seguem-se os outros onze chefs que em Portugal já conquistaram uma estrela, e que estarão juntos na cozinha (para um jantar cujos preços variam entre os 350 euros e os 500 euros - o preço mais caro dá direito a um dos quatro lugares na cozinha, junto aos chefs).

Até dia 22 será uma sucessão de estrelas - do finlandês Hans Välimäli (Chez Dominique, duas estrelas), até à grande noite de encerramento, com o italiano Massimo Bottura (Osteria Francescana, duas estrelas), passando pelo carismático chef francês Alan Passard (L"Apèrge, três estrelas) ou pela "estrela em ascensão", o sueco Magnus Nillson (Faviken Magasinet). Os preços variam sempre entre os 350 e os 500 euros, sendo a noite mais cara (entre 400 e 600) a de dia 15, quando o chef Koschina recebe os chefs amigos para cozinharem em conjunto.

Todas as noites há festas animadas por DJ, provas de vinhos, e vários acontecimentos sociais que, este ano, pela primeira vez, incluem uma série de estrelas dos mundos do cinema, televisão e música, convidados especiais do Vila Joya - a cantora Sheryl Crow, os actores Adrian Grenier, Michael Imperioli, e Matthew Modine, entre outros.

Mas, voltando a falar de gastronomia, como é que se consegue juntar tantas estrelas Michelin em Portugal? "É um grande prazer e um grande desafio ao mesmo tempo", responde Gebhard Schachermayer. A primeira tarefa é listar todos os chefs com estrelas Michelin, "sem quaisquer preferências". Numa segunda fase, é feita uma divisão por países, e depois a equipa organizadora começa a selecção, com base nos seguintes critérios: "1) que países são interessantes para Portugal em termos de atracção de turistas; 2) que chefs estão no topo do Guia Michelin e no topo de Lista San Pellegrino; 3) preocupação em não apresentar o mesmo chef mais do que uma noite; 4) ter sempre uma revelação que surpreenda os gastrónomos; 5) procurar sempre integrar parceiros e media".

Gebhard dá um exemplo concreto do que significa este último ponto em termos de estratégia: "No próximo festival, que vai ser transmitido para os Estados Unidos pela cadeia de televisão ABC, convidámos mais chefs norte-americanos, para termos mais razões para que os media americanos cubram todo o festival e não apenas um dia ou dois."

Escolhidos os chefs, é preciso conciliar as agendas ocupadíssimas de todos. Esse é "um dos maiores desafios do festival". É preciso ver em que dia fecha cada restaurante e tentar articular tudo.

Mas os problemas logísticos não preocupam muito Gebhart, que sonha em continuar a aumentar a complexidade do International Gourmet Festival. Este ano o festival já cresceu - não só porque inclui várias estrelas mediáticas (para além dos chefs, claro), mas porque se alargou a Lisboa (o programa ainda não foi anunciado) e ao Alentejo (Herdade da Malhadinha, com um almoço pela inglesa April Bloomfield, a única mulher entre os chefs convidados este ano).

Gebhart está satisfeito, mas sonha vê-lo crescer ainda mais. "Temos muitas ideias para nos próximos anos organizar coisas que possam tornar o festival melhor, mais interessante e uma grande oportunidade para mostrar Portugal como um destino gastronómico."

Como imagina o International Gourmet Festival daqui a cinco anos? "Não é uma questão de quantidade mas de qualidade, o que tem tudo a ver com a filosofia de Portugal", afirma o organizador. "Portugal tem tanta coisa de alta qualidade, sobretudo em termos de gastronomia, vinho, vinho do Porto, peixe de alta qualidade, azeite - e outras coisas, para não falar da cortiça, por exemplo".

Por isso, o festival deverá crescer para além do Alentejo e de Lisboa. O projecto é em breve chegar ao Porto e ao Douro. "Fazer um festival de Portugal e dos portugueses, e envolver todo o país, seria o meu sonho, e já temos alguns planos para o futuro."

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