Escolas aquecidas com desperdícios das fábricas de móveis

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Centro escolar de Mouriz, em Paredes, inaugurado em 2010 Adriano Miranda (arquivo)

A Câmara de Paredes anunciou hoje que está a substituir o gás natural por resíduos de madeira reciclados, provenientes das mais de 1200 fábricas de mobiliário do concelho.

O responsável pelo gabinete de comunicação da autarquia, Jorge Rodrigues, explicou ao PÚBLICO que o projecto nasceu da necessidade de contrariar as dificuldades financeiras que afectam as escolas e autarquias. “O IVA do gás natural aumentou de seis por cento para 23 por cento”, exemplificou.

Paredes produz cerca de 65 por cento do mobiliário nacional. Cedidos gratuitamente pelas empresas do sector instaladas no concelho, os desperdícios de madeira são recebidos pela câmara no Ecocentro de Cristelo. Jorge Rodrigues explicou que, aqui, estes desperdícios são transformados em briquetes – “pedaços cilíndricos de madeira condensada, que ardem muito facilmente” – que são usados como combustível, em alternativa ao gás natural, nas caldeiras de aquecimento por biomassa que uma empresa local construiu especificamente para as escolas do concelho.

O sistema foi criado para os 14 novos centros escolares projectados no município. Estes centros, cuja construção implica o fecho de 64 antigas escolas, foram concebidos para “aproveitar ao máximo os recurso naturais – iluminação natural, conforto térmico e acústico – e energias renováveis (solar e eólica)”.

Em declarações à Lusa, o vice-presidente da Câmara de Paredes, também vereador da Educação, Pedro Mendes, explicou que, com este sistema, “único no país”, a autarquia deixou de ter, praticamente, despesas no aquecimento das escolas abrangidas. Com o recurso aos briquetes nos três centros escolares em funcionamento desde o ano passado, a autarquia conseguiu poupar, no último ano lectivo, 300 mil euros. Abrem mais dois centros neste ano lectivo e Jorge Rodrigues prevê que, em 2013, quando estiverem abertos os restantes centros escolares, a poupança na factura energética atinja o milhão de euros por ano.

A Câmara de Paredes também quer exportar esta ideia para outros municípios. Jorge Rodrigues revelou que a autarquia já recebeu o contacto de outras câmaras interessadas em adquirir os resíduos de madeira reciclados.

Mesmo em Paredes, esta solução de aquecimento pode não ficar confinada aos muros das escolas. “Poderá ser aplicada em centros de dia, lares de idosos, creches e outras instituições sociais do concelho”, diz Jorge Rodrigues. E o vereador Pedro Mendes adianta que já está em preparação, no âmbito de candidaturas apresentadas a fundos europeus, o alargamento deste sistema ao aquecimento das piscinas e de outros equipamentos municipais.

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