O sono das galinhas

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Toda a nossa vida levámos com o sermão de cedo deitar e cedo erguer, trabalhar de sol a sol e, como exemplo máximo da sintonia com as forças do universo, levantarmo-nos com o sol e deitarmo-nos com as galinhas. Tudo gira à volta da hora a que se deitam as galinhas. Diz a Dona Internet que elas se deitam mal deixam de ver, pouco depois do pôr do sol. Não sei se adormecem logo - talvez fiquem a falar um bocadinho - mas é a essa hora que se deitam. Ou era deitarmo-nos com o sol e levantarmo-nos com as galinhas? Seja como for, é o sol que manda nas galinhas e, por conseguinte, na higiene das nossas loucas vidas.

Aproxima-se o solstício do Inverno e a noite mais comprida do ano. Mas mesmo anteontem, dia 2, o sol pôs-se cerca das seis e meia da tarde e só se levantou ontem por volta das oito da manhã. Quem se tiver deitado e levantado com o sol, terá dormido nada menos do que treze horas e meia. São oito horas bem dormidas e cinco horas e meia de ronha.

Na noite mais comprida do ano, a 21 de Dezembro, serão catorze horas e meia: um coma. Vejam só que grande trabalhador, que exemplo para a saúde da nação.

Mesmo na noite mais curta do próximo ano, no dia 21 para 22 de Junho de 2011, o sol põe-se às nove da noite e nasce às seis da matina. São nove horas de sono profundo.

Dormir tanto não pode ser exemplo para ninguém. Esqueçamos a conjunção do sol com as galinhas. Estamos todos a dormir de mais ou de menos - mas sempre melhor do que as galinhas.

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