Descoberta de ruínas romanas em Vieira do Minho abre caminho à musealização do local

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As escavações terminaram há cerca de uma semana Enric Vives-Rubio (arquivo)

Um edifício romano de grandes dimensões foi descoberto por arqueólogos da Universidade do Minho (UM) durante uma sondagem em Vieira do Minho. O achado é um exemplar único de ruínas romanas em fase de escavações no Noroeste da Península Ibérica e vai continuar a ser estudado. A Câmara de Vieira do Minho está a preparar um projecto de musealização do local.

As ruínas foram descobertas num terreno do Campo da Igreja Velha, na freguesia de Cantelães, bem próximo do Castro de Vila Seca, uma povoação de origem pré-romana, onde recentemente foram descobertos vestígios de fortificação no período Romano e na Idade Média. As escavações terminaram há cerca de uma semana e os investigadores estão ainda a avaliar os dados recolhidos nessas sondagens. "Não temos certezas acerca do tipo de sítio que encontramos", assume Helena Carvalho, responsável científica pelas escavações.

O local pode ter sido uma pequena aldeia ou uma mansio, uma grande estalagem que habitualmente era encontrada à margem das vias romanas. A proximidade da via XVII, que ligava Braga a Astorga, através de Chaves, leva os arqueólogos a admitirem esta hipótese como provável.

A única certeza é a de que se trata de um edifício de grandes dimensões, que se prolonga por uma área de várias centenas de metros. Além disso, os vestígios de cerâmica e vidro encontrados permitem datar o sítio do século I d.C. e inícios do século II. "Esta datação revela-nos uma ocupação muito prematura, numa fase em que os romanos se instalavam nesta região", revela Helena Carvalho.

A arqueóloga está entusiasmada com a importância que o local pode ter em termos científicos. "Vai dar-nos alguns indicadores sobre o povoamento de regiões de montanha, acerca das quais não há muitas informações", antecipa, acrescentando que o local será também muito importante para perceber "como se organiza o povoamento dentro das regiões periferias do Império".

A sondagem feita pela equipa da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, coordenada por Helena Carvalho e Mário Rui Cruz, decorreu durante o último mês e foi financiada pela Câmara de Vieira do Minho. A autarquia assume "total compromisso com o trabalho dos arqueólogos".

"Este achado vem enriquecer o nosso património e nós só podemos apoiar", assegura o presidente da câmara, Jorge Dantas. O autarca garante que o município vai continuar a investir no local, financiando novos trabalhos arqueológicos, que deverão acontecer no Verão do próximo ano.

"Mais-valia"

A Câmara de Vieira do Minho está mesmo a avaliar o desenvolvimento de um projecto de musealização do local e, se a dimensão do achado o justificar, a criação de um parque arqueológico naquela área do concelho. "É um investimento a médio prazo. Não é um trabalho para um ou dois anos, mas é uma mais-valia que não vamos desperdiçar", promete Jorge Dantas.

Helena Carvalho concorda que "face à qualidade das estruturas encontradas justifica-se a musealização", propondo também a criação de um centro de interpretação da presença romana na região naquele local.Jorge Dantas diz que a Câmara de Vieira do Minho assume "total compromisso" com os estudos arqueológicos em curso.

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