Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra reúne tesouros em livro

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Na biblioteca estão guardados os originais das Viagens na Minha Terra e do Frei Luís de Sousa, de Garrett Carla Carvalho Tomás

São 144 páginas, muitas ilustradas, nas quais se pode ficar a conhecer algumas preciosidades guardadas na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (UC), que inclui a emblemática Biblioteca Joanina. Manuscritos do século XIII, edições quinhentistas, originais dos desenhos de arquitectura da reforma pombalina, bíblias raras são parte do livro Tesouros da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, coordenado pelo director adjunto do espaço, Maia do Amaral.

Na Biblioteca Geral da UC estão, porém, guardadas inúmeras raridades, para além das que foram contempladas na obra, na qual não há, por exemplo, qualquer referência à primeira edição d"Os Lusíadas ou da Mensagem de Fernando Pessoa: "Fomos buscar outras coisas completamente novas. Descobrimos manuscritos antigos que foram estudados, coisas absolutamente extraordinárias", diz o coordenador, dando como exemplo "uma Bíblia chamada atlântica extremamente rara pelas dimensões que tem, pela aplicação do ouro e da prata nas iluminuras, e pelo facto de a maior parte dessas bíblias ter desaparecido na Europa".

"Aquilo que me deu mais gosto foram os tesouros que não eram conhecidos e que, de alguma maneira, desenterrámos. Mas há relíquias conhecidas que estão no livro, como a Bíblia hebraica, produzida em Lisboa à roda de 1450 por calígrafos judeus, e que é um verdadeiro tesouro europeu", acrescenta.

Há, porém, outras obras guardadas na Biblioteca Geral da UC que não foram contempladas na edição, como os livros de infância de Mário de Sá-Carneiro. Uma obra que Maia do Amaral considera relevante e que também não foi incluída é o Relatório sobre as Canárias, de Leonardo Turriano, que o director adjunto gostava que fosse restaurada.

É também na biblioteca geral que estão guardados os originais das Viagens na Minha Terra e do Frei Luís de Sousa, de Garrett. Num dos rascunhos do Frei Luís de Sousa, o próprio Garrett escreveu: "Não sei, mas o theatro trágico moderno ou há-de ser isto ou não é nada".

Naquela que será a mais antiga biblioteca em funcionamento em Portugal - e que deverá completar 500 anos em 2013 - há ainda outros tesouros depositados, alguns dos quais contam histórias ou têm inscritos em si mesmos as marcas da História. Um exemplo são as marcas existentes nas capas dos livros da biblioteca dos Távoras, conta o director adjunto. Estas capas foram quase todas mutiladas por oficiais às ordens do Marquês de Pombal que procuraram os manuscritos encadernados e em todos eles cortaram à faca os brasões da família sentenciada. Em todos, não. Num pequeno canto da biblioteca, "uma capa sobreviveu ao ódio político", conta Maia do Amaral. A biblioteca geral tem não só este livro (referido na edição agora apresentada) como os outros exemplares em que a marca dos Távoras foi cortada.

Uma outra história diz respeito a uma pasta - também referida no livro - guardada na biblioteca e que pertenceu a Rui Preto Pacheco. Nesta misteriosa pasta estão guardadas cartas que apenas em 2017 poderão ser abertas pelos responsáveis da biblioteca. Estas cartas poderão, ou não, explicar por que razão nunca foram terminados dois frescos, destinados às escadarias da biblioteca, encomendados ao artista em 1955.

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