Aguiar Branco acusa Sócrates de viver "num país que não é o nosso"
“Em matéria de desemprego não deixou uma palavra forte de esperança para os mais de 500 desempregados que todos os dias têm a infelicidade de cair nessa chaga social”, disse Aguiar-Branco sobre a mensagem de Natal de José Sócrates.
Para o líder da bancada do PSD, o primeiro-ministro “mais uma vez fingiu que vive num país que não é o nosso”, tendo ainda acrescentado que “falou várias vezes em esperança mas não a traduziu em concreto”.
“Essa esperança devia ser, para todos os portugueses, que o governo começasse a governar, começasse a resolver os problemas prioritários que o país tem, começasse a criar condições para que as empresas tenham hipótese de manter e criar novo emprego, que é o principal desafio que em 2010 vamos ter”, considerou Aguiar-Branco.
Sobre o tema do investimento público, considerado por José Sócrates como a base da recuperação económica para 2010, o líder da bancada social-democrata afirmou que espera que o “governo também concretize o investimento público de proximidade, aquele que de imediato possa ajudar as pequenas e médias empresas a encontrarem trabalho”.
Aguiar Branco disse ainda esperar que o governo “concentre todas as suas energias e competências para fazer um Orçamento de Estado para 2010 com condições para ser viabilizado na Assembleia da República”.
“É fundamental que o governo compreenda que tem hoje uma maioria relativa que obriga a que chegue a consensos com a Assembleia da República”, acrescentou.
Para o líder da bancada “laranja”, o “primeiro factor de estabilidade vem e tem de vir do governo” já que “os portugueses votaram no Partido Socialista para que governasse nestas condições, ou seja, em maioria relativa e portanto tem necessidade de estabelecer pontes e consensos para que as suas propostas sejam viabilizadas na Assembleia da República”.
“Eu espero que o governo comece a governar e que comece por aquilo que deve, que é apresentar um Orçamento de Estado em condições de ser viabilizado na Assembleia da República”, sustentou.
Na mensagem de Natal que dirigiu sexta-feira aos portugueses, José Sócrates manifestou a esperança de que 2010 seja o ano da recuperação económica, tendo como base o investimento público.
Sócrates advertiu que a actual conjuntura de “crise económica mundial persiste” mas, na sua perspectiva, “há agora sinais claros de que estamos a retomar lentamente um caminho de recuperação”.
“Temos, porém, ainda muito trabalho pela frente. Precisamos de investimento público que crie emprego”, defendeu o primeiro-ministro na mensagem de Natal, em que prometeu ainda auxílio aos que foram afectados pelas recentes intempéries.
Sócrates falou também de “fraternidade” e “solidariedade”, dizendo que “ser solidário é apoiar mais quem mais precisa” e realçou as medidas tomadas para aumentar as pensões mais baixas e alargar a protecção no desemprego.