A traição no ciberespaço, com personagens imaginários, pareceu demasiado verdadeira

a Esta é a história triste da bombástica DJ Laura Skye, traída pelo marido Dave Barmy, reincidente em casos extraconjugais com prostitutas. A história é virtual mas as consequências das tentações de Barmy saltaram do ecrã para a realidade e provocaram o divórcio de um casal inglês.Laura Skye e Dave Barmy podem não existir, mas os seus criadores - Amy Taylor e David Pollard - levam muito a sério as personagens que fizeram para o mundo virtual Second Life (SL), onde os participantes recriam uma vida paralela.
Taylor, uma britânica desempregada, não tão bombástica como a DJ Skye, fartou-se dos affairs virtuais do marido e pediu o divórcio, alegando "comportamento inadequado"
Os dois ingleses conheceram-se na Internet e decidiram prolongar a paixão da realidade para o mundo do SL. Assistiram à luxuosa boda dos seus avatars (os alter egos que os participantes criam no SL) com lágrimas nos olhos e, depois de marido e mulher virtuais, decidiram casar, numa modesta cerimónia, em 2005.
A vida corria bem na Terra e no ciberespaço, até Taylor apanhar o marido em frente ao ecrã a ver o encontro do seu personagem com uma prostituta. A mulher perdoou a traição, mas quando o avatar de Pollard voltou a tropeçar nos encantos de uma prostituta virtual, Taylor não aguentou e acabou com o casamento.
Este pode ser o primeiro divórcio made in Second Life de que há notícia (depois de muitas histórias de casais felizes que se conheceram na net), mas não será certamente o primeiro episódio em que o mundo virtual se apodera da realidade. Segundo Paulo Frias, professor universitário da Universidade do Porto e blogger sobre o SL, alojado no site do PÚBLICO, casos como este já aconteciam noutros ambientes "não tão mediáticos", como as salas de chat.
A representação gráfica da traição torna-a mais real e, consequentemente, mais dolorosa. Taylor disse ao The Times que se sentia muito magoada: "As pessoas encontram o amor de formas diferentes e o nosso casamento era sério. [A traição] pode ter começado on-line, mas existia no mundo real, e magoa-me igualmente (...)".
Os dois visados não quiseram falar a alguns jornalistas, mas os seus avatares não hesitaram em partilhar a história com jornalistas virtuais.
No Second Life, há menos inibições e os personagens acabaram por revelar aos avatares da agência South West News muito mais do que já tinham contado. "Na vida real, ela [Amy] rejeitou qualquer contacto (...), mas os nossos personagens começaram a conversar e foi diferente. Começou a confiar em nós", disse ao Guardian Jo Pickering, uma das jornalistas da South West News que controla o avatar da agência no SL.
Pickering adiantou ainda compreender Taylor: "Ela criou uma versão perfeita dela própria - e ainda assim não era o suficiente para ele". O ex-casal já vendeu a história a um tablóide e tenta refazer a sua vida amorosa. Pollard usará o dinheiro para ir até aos EUA conhecer o seu novo amor on-line e Taylor encontrou uma nova paixão no jogo World of Warcraft.
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milhões de pessoas têm já um personagem no mundo virtual do Second Life. Os participantes têm uma profissão, fazem negócios e apaixonam-se neste jogo, como se fosse a vida real