Universidades galegas e portuguesas com pós-graduações em nanomedicina já a partir deste ano

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No primeiro ano podem abrir 20 vagas Paulo Pimenta

Se a escala nano é a das partículas com dimensões próximas da milionésima parte do milímetro, no caso da nanomedicina, a aposta tem sido em partículas menos minúsculas, as moléculas, e na exploração e manipulação das suas propriedades únicas em vários campos de aplicação.

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Se a escala nano é a das partículas com dimensões próximas da milionésima parte do milímetro, no caso da nanomedicina, a aposta tem sido em partículas menos minúsculas, as moléculas, e na exploração e manipulação das suas propriedades únicas em vários campos de aplicação.

Mário Barbosa, director do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (um dos 18 laboratórios portugueses, dez dos quais com estatuto de Laboratório Associado, como o próprio INEB, que vão cooperar neste esforço de formação avançada), explicou que depois de um módulo introdutório geral em nanomedicina, os alunos envolvidos vão poder frequentar quatro módulos de especialização em outras tantas áreas mais específicas: a da regeneração de tecidos (que a título de exemplo pode passar pela manipulação de células não diferenciadas para produção de células de vários órgãos, entre outras técnicas); do nanodiagnóstico, que envolve o desenvolvimento de partículas microscópicas capazes de diagnosticar, por exemplo, os primeiros sinais que antecedem as doenças cardiovasculares ou o desenvolvimento de um cancro; a da nanoterapêutica, que procura formas de aumentar a eficácia dos fármacos, garantindo, por exemplo, que eles apenas sejam reconhecidos e actuem sobre as células ou órgãos que se pretende tratar, eliminando efeitos secundários; e a dos nanodispositivos como o Lab on a Chip, o microlaboratório num chip ao qual bastará uma gota de sangue (Qual CSI, qual quê!), para gerar, em pouco tempo, a bateria de análises que nos obriga hoje a retirar, à custa de agulhas, vários frasquinhos de sangue.

Esta manhã no Porto, durante a assinatura do protocolo entre as mais de duas dezenas de instituições envolvidas, o ministro da Ciência e do Ensino Superior, Mariano Gago, lembrava que de entre as várias frentes de investigação nas nanociências e nanotecnologia, as aplicações na medicina são as que têm tido uma expansão mais rápida e gerado uma maior procura social e económica. O programa de pós-graduação luso-galaico, que poderá abrir 20 vagas no primeiro ano, surge precisamente em resposta a essa preocupação de colar os dois países ibéricos a esta vaga com repercussões noutros campos como a electrónica, a energia e a segurança alimentar: áreas que constam, aliás, das prioridades do futuro laboratório Laboratório Internacional de Nanotecnologia, criado pelos dois países em Braga, e cuja primeira pedra é lançada sexta-feira, durante a cimeira ibérica que se realizará precisamente na cidade minhota.