Uma viagem com Aquilino Ribeiro

Descobrir Vila Nova de Paiva é também encontrar o mundo que Aquilino Ribeiro imortalizou nas páginas das suas obras. As surpresas desta "terra do Demo" não se esgotam na sede de concelho. O melhor é perder-se por todas as aldeias que a circundam, sugere Marisa Miranda

Vila Nova de Paiva nasceu na margem direita do rio que lhe deu o nome: o Paiva, considerado um dos menos poluídos da Europa. Inconstante, típico curso de água de montanha intercalado pelas águas bravas que o tornaram conhecido ou por um deslizar calmo por entre aldeias ribeirinhas dando lugar a praias fluviais, o Paiva é um dos melhores locais do país para a prática de desportos aquáticos radicais.Vizinha deste curso de água, a história da antiga Barrelas, hoje Vila Nova de Paiva (desde 1883) confunde-se com a vida de Aquilino Ribeiro que a considerou uma das Terras do Demo, título que publicou em 1919. Entrar em Vila Nova de Paiva traz, inevitavelmente, à memória O Malhadinhas, da Estrada de Santiago, que retrata esta vila - então uma pequena aldeia - nascida no sítio do Outeiro, uma colina perto do rio Paiva. As relíquias de Vila Nova de Paiva, como a Igreja de São Sebastião, a ponte velha, a Casa do Brasileiro, a Capela de São Francisco e a casa dita do Juiz de Barrelas não se esgotam na sede de concelho. Em todas as freguesias que foram crescendo em torno de Vila Nova de Paiva estão guardados pequenos tesouros, como por exemplo o Dólmen de Pendilhe e o Dólmen ou Orca dos Juncais, em Queiriga, classificado como monumento nacional megalítico. Trata-se de "um tumulus de planta ovalada, bem conservado com um corredor de 7,40 metros de comprimento", como é descrito em Pela Rota de Aquilino Ribeiro, uma edição do projecto Rota dos Escritores do século XX. Aliás, Queiriga guarda uma outra referência da obra de Aquilino Ribeiro. O sítio de Cova do Barro, onde existe uma antiga estação florestal instalada pela ex-Junta Autónoma de Estradas, repleta de "viçosas geiras de sementio, viveiros de plantas, horta e pomar", como diz o escritor na sua Geografia Sentimental. Este espaço está hoje a ser transformado num parque botânico que vale a pena visitar. A freguesia de Queiriga fica próxima de uma outra, que integra o roteiro aquiliniano: Fráguas. A igreja matriz, reconstruída em 1737, a Capela da Senhora da Consolação, e a beleza do rio Paiva com a sua praia fluvial e os moinhos fazem desta localidade uma paragem obrigatória.
Estas são apenas algumas referências de uma rota que inclui também Viseu, Sátão, Aguiar da Beira, Lapa (Sernancelhe), Soutosa (em Moimenta da Beira, onde fica a casa de Verão do escritor e que hoje acolhe a Fundação Aquilino Ribeiro).

Descansar numa das margens do Paiva
A rota de Aquilino Ribeiro pode muito bem terminar numa das margens do rio Paiva, por exemplo, na Estalagem Mira Paiva. Um espaço rodeado pela paisagem montanhosa de pinheiro-bravo e carvalhos, onde não falta uma praia fluvial privada. Situada em Vale do Forno, além de uma localização privilegiada, a Estalagem Mira Paiva dispõe de um parque de diversão infantil e piscinas. Neste ambiente tranquilo poderá aproveitar para ler algumas das obras de Aquilino Ribeiro e a elas associar cada uma das etapas desta rota. Terras do Demo (1919), O Malhadinhas (1922) e Geografia Sentimental (1951) são apenas algumas sugestões para alimentar o espírito. Por aqui, o corpo pode nutrir-se com pão caseiro de centeio ou trigo, queijo de ovelha, enchidos da serra, cabrito assado, trutas de escabeche, cavacas de Freixinho, fálgaros de Tabosa e compotas de pêra, tudo regado com o vinho do Dão e o vinho do vale do Távora.

Sugerir correcção