Santana faz Governo maior do que Durão Barroso

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Durão tinha 17 ministros e 36 secretários de Estado e Santana tem 19 ministros e 38 secretários de Estado Inácio Rosa/Lusa

Anteontem, Teresa Caeiro tinha dúvidas se seria secretária de Estado da Cultura. Ontem, a meio da tarde, a lista de secretários de Estado enviada para o Palácio de Belém divulgada pela Lusa, dava-a como secretária de Estado adjunta do ministro da Defesa e dos Antigos Combatentes. Ao fim do dia tomou posse como secretária de Estado das Artes e Espectáculos. A sua história parece ser sintomática da forma como foi feito o XVI Governo, que, ao contrário do que tinha sido prometido por Santana, acaba por ser maior do que o Executivo de Durão Barroso.

As explicações para o que aconteceu com Teresa Caeiro são várias, consoante de onde vêm. Um dirigente do CDS explicou ao PÚBLICO que, anteontem tinham ficado combinado entre Santana Lopes e Paulo Portas os lugares de secretários de Estado que seriam atribuídos ao CDS: Assuntos do Mar, Administração Interna, Defesa e Educação. Portas indicou o nome de Teresa Caeiro para a Defesa, onde ainda teria um outro secretário de Estado, escolhido pelo PSD: José Pereira da Costa, deputado, ex-vereador na Figueira da Foz. Pouco antes da tomada de posse, Santana terá olhado para o plano geral do seu governo e concluiu que era demasiado Paulo Portas, ministro de Estado, da Defesa e dos Assuntos do Mar, ter três secretários de Estado, pelo que deslocou Teresa Caeiro para a Cultura, onde a ministra queria ter dois “ajudantes”.

Já no PSD, a explicação é diferente. Anteontem, Santana não terá assegurado a Portas lugar para Teresa Caeiro na Cultura, pelo que o ministro da Defesa decidiu pô-la no seu ministério. Ontem, o primeiro-ministro concluiu que afinal sempre havia lugar para uma secretária de Estado das Artes e Espectáculos, mas durante todo o dia não conseguiu falar com Portas, por este estar a viajar de helicóptero de Viana do Castelo para Lisboa. Daí que, segundo a versão de um dirigente social-democrata, a alteração só possa ter sido feita depois das 17h20, hora a que Portas aterrou. O PÚBLICO sabe, contudo, que o ministro é contactável nos Puma da Força Aérea.

O gabinete do primeiro-ministro dá ainda uma outra explicação para a alteração de última hora: não partiu dali a lista que foi divulgada a meio da tarde pela agência Lusa. Teria sido, então, divulgada pela Presidência do Conselho de Ministros. Esta versão, contudo, não explica porque é que também foi para Belém a suposta lista errada.

À saída do Palácio da Ajuda, o primeiro-ministro explicou que o “acerto de última hora” tinha acontecido “por boas razões” e que tinha até havido “esperas maiores” em tomadas de posse. Santana preferiu depois destacar o facto de “nunca a nomeação de um Governo” ter decorrido “de uma forma tão célere”. Já o ministro da Defesa reconheceu que durante o dia de ontem Teresa Caeiro tinha sido uma “possibilidade séria” para a sua secretaria de Estado, mas que “em articulação com o primeiro-ministro, foi decidido que Teresa Caeiro era mais útil na Secretaria de Estado das Artes e dos Espectáculos”. Horas antes Paulo Portas tinha elogiado a decisão de “pela primeira vez ter uma mulher na Defesa”.

CDS perde dois secretários de Estado

Pedro Santana Lopes fez um Governo maior do que o de Durão Barroso. Apesar do compromisso anunciado de aumentar os ministérios e diminuir as secretarias de Estado. Durão tinha 17 ministros e 36 secretários de Estado. Santana tem 19 ministros e 38 secretários de Estado. Fica ainda longe dos 21 ministros e 41 secretários de Estado de António Guterres.

Ontem, os sociais-democratas desvalorizavam o aumento do número de membros do Governo, salientando que, em termos relativos e por causa do aumento de ministérios, os secretários de Estado mantiveram-se ao mesmo nível.

A lista de secretários de Estado revela algum fechamento do Governo em torno do aparelho do PSD a par da perda de dois lugares por parte do CDS. Parece ter vingado, no PSD, a tese de Marcelo Rebelo de Sousa de que os democratas-cristãos estavam ganhar poder neste Executivo, pelo que, quando tocou a fazer a lista dos “ajudantes” de ministros, o CDS passou de seis a quatro.

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