Negócios dos Bombeiros de Guimarães sob suspeita

As suspeitas de utilização dos meios da instituição em proveito próprio que recaem sobre alguns directores, voltam a agitar a vida interna da Associação dos Bombeiros Voluntários de Guimarães. A reunião da assembleia geral, realizada anteontem à noite, revelou-se particularmente dura para a direcção, na sequência do pedido de demissão apresentado pelo presidente, Henrique Pizarro, devido às suspeitas lançadas em torno da sua gestão. Com a análise das contas fora da ordem de trabalhos - dado o atraso com que a direcção disponibilizou o documento para que o conselho fiscal emitisse o seu parecer -, Pizarro acabou, no entanto, por suspender o pedido de demissão, pelo menos até à votação do relatório de contas, agendada para o próximo dia 25, com o argumento de que seria solidário com a sua equipa.A atitude do presidente da direcção acabou por copntrastar com a do secretário da direcção, Luís Mendonça, que confirmou a renúncia ao mandato. Moendonça, juntamente com o conselho fiscal, foram os primeiros a questionar a gestão da colectividade, levantando suspeitas de sobrefacturação, evasão fiscal, inexistência de concursos públicos para aquisição de material, e a existência de contratos paralelos, facto que foram analisados num relatório de acompanhamento elaborado pelo conselho fiscal no exercício anterior, documento que foi entregue ao presidente da assembleia geral, Teixeira e Melo.Anteontem, este surpreeendeu os associados ao revelar que nunca se pronunciou, nem fez diligências relacionadasn com aquele documento que apreciou as contas de 2001, porque lhe foi solicitada reserva e sigilo absoluto. O nervosismo parece crescer agora no seio da instituição porque se adensam as dúvidas sobre o paradeiro de um gerador eléctrico, cuja aquisição está comprovada por documentos. A corporação pagou cerca de 25 mil euros, mas Luis Mendonça afirma que o equipamento nunca terá estado ao serviço dos bombeiros, uma acusação que vai valer ao ex-secretário um processo por difamação movido pelo vice-presidente Florentino Cardoso. Apesar das promessas de tudo esclarecero, Cardoso evitou as explicações com o argumento de que não falaria sobre o assunto, tendo em conta que a matéria faz parte do processo contra o director demissionário.Os sócios contestaram também outros negócios realizados pela direcção envolvendo empresas do vice-presidente e do tesoureiro. Ao primeiro, a direcção contratou serviços de "catering", enquanto o segundo é proprietário e explora as duas máquinas de bebidas e sandes que existem no quartel, situação que o presidente disse ter sido consentida pela direcção. Na mesma explicação, negou o que foi denunciado por um dos sócios, segundo o qual havia um funcionário que durante o horário e com viaturas de serviço abastecia outras máquinas exteriores ao quartel, também exploradas pelo tesoureiro. Em relação aos serviços de "catering", a direcção argumentou que a empresa do vice-presidente foi a que ofereceu o melhor preço para um jantar de beneficiência e outro de aniversário da instituição.CXUm bombeiro de excepçãoNão fossem os dias que se vivem nos bombeiros tão agitados, e o tesoureiro Abílio Milheiro seria apontado como um elemento de excepção e apenas pela positiva. Empresário, político empenhado no CDS/PP, e o mais que se lhe reconhece em matéria de capacidade e ritmo de trabalho, não fazem esquecer que a grande paixão do actual tesoureiro é a actividade de bombeiro. Actualmente, integra até o corpo activo, com o estatuto de motorista. Os estatutos vedam aos elementos do corpo activo a possibilidade de votarem ou terem participação nas assembleias gerais, o que fez com que os seus colegas acabassem por pôr em causa "a excepção" que lhe confere o seu duplo estatuto. A questão suergiu depois do presidente da AG, Luis Teixeira e Melo, ter recusado uma proposta que defendia que os bombeiros passassem a poder participar nestas reuniões, invocando que isso implicava uma prévia alteração dos estatutos.

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