Spielberg no seu melhor

Eis de novo Spielberg instalado nas ruínas do cinema clássico, desta vez não nas franjas da ficção científica (como em "A.I." ou "Relatório Minoritário"), nem na revalorização pós-moderna da série B (de que a trilogia de Indiana Jones continua a ser o título de glória).

Embora se trate da cinematização de um "fait divers", assestam-se as baterias para a "screwball comedy", para uma veloz crónica de uma recuperação anunciada, com o "bandido" investido da capa de "polícia", ou de como o sonho americano passa também pelo aproveitamento das capacidades criminosas dos pequenos génios. O resultado é fabuloso e tudo funciona na perfeição: DiCaprio regressa ao estrelato em papel por medida para o seu talento versátil; o "timing" escolhido faz com que as mais de duas horas passem a correr; estilisticamente tudo está no seu lugar, bastando a sequência da prisão do celerado, para atestar da genialidade dos processos. E depois tudo se subverte, desde a moral vigente, até ao "happy end", com a hilariante e ambígua legenda final, passando pela reformulação das convenções que se convocam para esta aventura feliz e inteligente. Ou seja, Spielberg no seu melhor.

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