Multiwave Networks quer ser líder mundial

Multiwave Networks Portugal. Desenvolvimento de equipamentos e sistemas de ponta no domínio das telecomunicações por fibra óptica de alto débito. José Salcedo, de 50 anos, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, doutorado na Universidade de Stanford (Califórnia, Estados Unidos da América), especialista em optoelectrónica, gestor do programa nacional de financiamento de ciência e tecnologia Praxis XXI (1994-1995). Este triângulo encerra uma enorme ambição."Somos uma empresa industrial muito recente, que pretende desenvolver tecnologia própria na área das telecomunicações. Temos dez pessoas aqui e quatro na Califórnia, mas vamos crescer rapidamente. Contamos ter 40 pessoas, quase todas doutoradas". Telegráfico, José Salcedo acabou de apresentar a empresa que ele criou em Maio, na Califórnia, com parceiros americanos, e que escolheu o Tecmaia - Parque de Ciência e Tecnologia da Maia para se instalar.A Multiwave Networks, dirigida por Salcedo, é uma das 16 empresas a funcionar neste espaço. O que foi que atraiu o seu criador? "Uma infra-estrutura onde empresas de valor acrescentado - valor acrescentado, mesmo - têm lugar privilegiado. É muito útil para empresas como a nossa, que tem a sua riqueza na cabeça das pessoas, que possam interactuar com outra. Este é um ambiente inteligente, no sentido das pessoas que andam por aqui, e civilizado".José Salcedo, que não revela pormenores sobre a natureza do(s) produto(s) que a sua empresa está a desenvolver, disse ao PÚBLICO que o seu "maior anseio, há muitos anos, é criar uma Californiazinha em Portugal". Se há região do mundo identificável com investigação e desenvolvimento de tecnologia de ponta (informática, telecomunicações, etc.), Silicon Valley, na Califórnia, é uma delas. Foi neste estado norte-americano que Salcedo encontrou apoio financeiro para avançar com a Multiwave.Este investigador licenciado em Engenharia Electrotécnica, que participou no arranque e dirigiu o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, vê no Tecmaia o "embrião" da sua "Californiazinha". Ali, sublinha, encontra "pessoas que partilham desse tipo de ambição e de sonhos, que não são partilhados normalmente pelas empresas portuguesas. Isto é, de certa forma, uma comunidade protegida, no bom sentido, e deve continuar assim, mas sempre a crescer"."Quando surgiu a oportunidade de nos ligarmos ao Parque de Tecnologia da Maia, nem hesitei, pois na região não havia outro lugar. Para desenvolver empresas 'estado da arte' [de ponta, de vanguarda], são necessários ambientes protegidos, com pessoas que tenham anseios individuais e intelectuais o mais parecidos possível". Em sua opinião, "um sítio destes não necessita de ser publicitado para se desenvolver. As pessoas conhecem-se entre si e a informação propaga-se rapidamente".Esta opinião coincide com a dos responsáveis do parque, que garantem não terem feito qualquer campanha nesse sentido. "Para mim, por exemplo, é importante ter uma empresa ao lado da nossa como a Chipidea, do meu bom amigo Epifânio da França, que no contexto do Instituto Superior Técnico (Lisboa) tem vindo afazer uma carreira parecida com a minha e fundou uma empresa de microelectrónica ('design' de circuitos), que tem tido sucesso e que se instalou recentemente aqui".A Multiwave Networks dispõe actualmente de instalações com 350 metros quadrados de superfície, mas a partir de Janeiro vai crescer e ocupar mil metros quadrados. "Isso deve ser suficiente para trabalharmos no próximo ano, ano e meio", refere José Salcedo. Vencida a etapa do desenvolvimento do produto, "a nossa ambição para esta empresa é, dentro de três anos, sermos líderes mundiais no segmento de mercado em que vamos actuar". Provavelmente, parte da sua produção "ficará na Ásia".

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