Estudo aponta riscos dos sites para ver transmissões desportivas gratuitas

Em 54% dos casos, os anúncios apontam para sites que tentam distribuir software malicioso.

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Quase dois terços dos sites foram notificados por violação de direitos de autor GABRIEL BOUYS/AFP

“É grátis por alguma razão” é, numa tradução livre, o título de um trabalho académico de investigadores de uma universidade belga que indica que os sites que permitem ver gratuitamente transmissões desportivas (como jogos de futebol) estão repletos de publicidade pouco recomendável e que, em alguns casos, têm software malicioso que representa riscos para os utilizadores.

O artigo, escrito por quatro investigadores da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, e por um da nova-iorquina Stony Brook, é o resultado de uma análise a cerca de 23 mil páginas com transmissões, alojadas em 5685 sites.

O trabalho explica que o negócio destes sites gratuitos é anúncios publicitários mostrados a milhões de utilizadores, e frequentemente estes anúncios não seguem as boas práticas definidas pelo Internet Advertising Bureau, uma organização internacional que tem por objectivo promover padrões para a publicidade online. Em alguns casos, os anúncios são sobrepostos ao vídeo que o utilizador pretende ver, tentando enganá-lo e levá-lo a clicar involuntariamente na publicidade. Outra estratégia é inclusão de botões para fechar os anúncios que são pouco visíveis.

“As nossas medições revelam que, em média, há cinco ou seis sobreposições nos vídeos”, explicam os investigadores no artigo. “Para além disso, em média, 93% dos vídeos estão repletos de publicidade sobreposta, que esconde mais de 80% da área do vídeo. Observámos que a maioria destes anúncios consiste em botões falsos colocados exactamente no centro do vídeo, para levar os utilizadores a clicar.” Este género de sites tenta também contornar os bloqueadores de publicidade, que podem ser instalados nos browsers para esconder todo o tipo de anúncios e que são uma funcionalidade com popularidade crescente.

Os investigadores descobriram ainda que sete sites distribuíam directamente software malicioso. Mas este número sobe muito, se forem contabilizados os sites que se abrem quando é clicado um anúncio: 54% destes sites tentam distribuir software malicioso, 4% são esquemas fraudulentos e 3% são sites de conteúdos para adultos.

O artigo nota ainda que, para além da transmissão não autorizada, este tipo de sites frequentemente usa de forma abusiva logótipos e outras imagens de televisões e organizações associadas à transmissão de eventos desportivos. A equipa estimou que 64% dos sites já tinham sido notificados pelo menos uma vez por violação de direitos de autor.

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