Quando chegam ao poder, os políticos “pensam que os noticiários os perseguem”

Jornalista José Rodrigues dos Santos foi ouvido nesta terça-feira no julgamento do caso Taguspark, a par do ex-ministro Teixeira dos Santos.

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Rodrigues dos Santos assumiu ter sido contestado pelo PS quando era director de Informação da RTP Pedro Cunha

O jornalista José Rodrigues dos Santos fez, na manhã desta terça-feira em tribunal, no âmbito do julgamento do caso Taguspark, um retrato da sua experiência do relacionamento entre políticos e jornalistas.

 

Director de Informação da RTP duas vezes, entre 2000 e 2004, declarou que, quando chegam ao poder, os políticos “pensam que os noticiários os perseguem” por darem voz aos partidos da oposição e aos sindicatos.

“Para o político, quem não está com ele está contra ele”, teorizou. “Mas também já vi jornalistas com nome na praça virarem o bico ao prego e decidirem não cobrir determinado evento” por se sentirem pressionados nesse sentido, contou. “Há muita gente que não tem problema nenhum em fazer os serviços todos”, criticou.

José Rodrigues dos Santos falava no julgamento do caso Taguspark, em que é arguido o socialista João Carlos Silva, antigo administrador da RTP. Foi ele quem convidou o jornalista para assumir a direcção de Informação.

“Quando me nomeou, não sabia que estava a comprar problemas”, relatou. “Ao fim de um ano comecei a ser muito contestado pelo PS e pelo Governo. Mas senti sempre apoio da parte dele. Nunca me aconteceu ter feito sugestões para abrir o jornal com isto ou aquilo.”

A decorrer em Oeiras, o julgamento do caso Taguspark visa apurar se o apoio do antigo futebolista Luís Figo a José Sócrates em vésperas das eleições legislativas de 2009 foi genuíno ou pago com dinheiros públicos deste parque tecnológico em Oeiras.

No banco dos réus sentam-se os então administradores do Taguspark, João Carlos Silva, Américo Thomati e Rui Pedro Soares, acusados de corrupção passiva para acto ilícito.

José Rodrigues dos Santos foi chamado a depor para atestar a idoneidade do seu antigo administrador. Uma idoneidade garantida também pelo ex-ministro Teixeira dos Santos, que depôs por videoconferência.

“Nunca constatei nenhum episodio em que João Carlos Silva estivesse a fazer qualquer frete fosse a quem fosse, em particular ao PS", disse Teixeira dos Santos sobre este seu antigo colega no Governo de António Guterres.

 

 

 
 

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