Polícias foram ao parlamento dizer que querem Governo a reconhecer o seu trabalho

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Em Lisboa, 300 agentes vão mudar de tarefa Rui Gaudêncio

A Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP) transmitiu nesta quinta-feira aos deputados da primeira comissão parlamentar a necessidade de o Governo reconhecer o trabalho das polícias.

“Mais do que virmos defender questões socioprofissionais, é necessário que o Governo respeite o trabalho das polícias, a exigência deste trabalho e que entenda que o objectivo principal deste é a defesa da qualidade da segurança dos cidadãos”, disse Paulo Rodrigues, secretário nacional da CCP, aos deputados da comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

A idade da frota ao serviço das polícias, o “tratamento diferenciado, mesmo com estatuto de menorização”, dos inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a falta de condições nas cadeias, com algumas a terem já surtos de sarna, e a falta de um estatuto profissional da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) foram alguns dos problemas que os representantes dos profissionais das forças de segurança relataram aos seis deputados da comissão parlamentar, presentes na reunião.

A audição de hoje fora solicitada pelo grupo parlamentar do PS e visava saber os temas e as incidências que motivaram a manifestação dos polícias realizada no passado dia 06 de Março, em frente à Assembleia da República.

Na reunião, o representante dos trabalhadores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) chamou a atenção para uma “questão mais preocupante do que o que se pensa – o Ébola – e que está a ser mitigada na informação” que transmitem, para “não criar alarme na população”.

“A questão do vírus Ébola é outro dos problemas que, neste momento, preocupa os trabalhadores do SEF e que está a ser mitigada para não causar alarme”, disse Acácio Pereira, presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do SEF.

Acrescentou que outro dos motivos de descontentamento daqueles profissionais se prende com a falta de avaliação a que são submetidos, desde 2008.

O representante dos trabalhadores da ASAE informou os deputados de que este organismo de fiscalização e segurança alimentar criado em 2006 “é o único órgão de polícia criminal que não dispõe de estatuto profissional”.

Na audiência, o deputado Marcos Perestrelo, do PS, e Cecília Honório, do BE, mostraram-se solidários com as preocupações dos representantes das polícias e forças de segurança, reconhecendo que o Governo ainda tem “muito para fazer” para que aqueles trabalhadores vejam assegurados os direitos que lhes assistem no exercício da profissão.

A deputada centrista Teresa Anjinho disse que as reivindicações daqueles profissionais “não caíram em saco roto”, acrescentando que “o Governo se tem esforçado” para lhes dar mais condições de trabalho.

No final do encontro, Paulo Rodrigues disse à agência Lusa que o encontro com os deputados foi “proveitoso”.

“O facto de termos sido recebidos por esta comissão parlamentar mostra que os deputados estão preocupados com as nossas reivindicações e reconhecem que é preciso fazer alguma coisa”, concluiu.

“De uma vez por todas, é preciso perceber que o que este Governo está a fazer é destruir o que há anos tem sido feito para melhorar a segurança dos cidadãos, porque este Governo limitou-se a olhar para números sem olhar às consequências das suas políticas”, concluiu.

 

 

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