Padre de Canelas, Gaia, sai escoltado pela GNR pelo quarto domingo consecutivo

Parte da população quer o regresso do anterior padre.

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Os protestos já têm meses Paulo Pimenta

Pelo quarto domingo consecutivo, o novo padre de Canelas, Gaia, saiu da igreja escoltado pela GNR e sob protestos e assobios de centenas de pessoas que exigem o regresso do antigo sacerdote, destituído pela Diocese do Porto.

Vestidas de preto e com t-shirts com a imagem do antigo pároco Roberto de Sousa, as pessoas concentradas à porta da igreja iam cantando e gritando “Roberto, o povo está contigo”, empunhando bandeiras negras onde se lia “A igreja passou a tribunal, só saem com escolta policial”, enquanto decorria a homília.

A decisão de afastar o padre Roberto de Sousa da paróquia de Canelas foi tomada em finais de Julho pela Diocese do Porto, tendo chegado a haver um recuo a meio de Setembro, mas a determinação ficou concretizada no início de Novembro.

O novo sacerdote, Albino Reis, aproveitou a oração do “Pai-Nosso” para dizer “livrai-nos de toda a perturbação”, em vez de “livrai-nos de todo o mal”, numa alusão ao que acontecia no exterior.

A terminar a Eucaristia, o sacerdote pediu aos católicos para se reunirem na próxima quinta-feira, no Salão Paroquial de Canelas, para se encontrarem novos ministros da comunhão, acólitos, leitores, cantores e catequistas, dado se terem demitido em protesto com a saída de Roberto de Sousa.

“Há coisas paradas que não deviam estar, tal como a catequese”, disse.

E, acrescentou, “obrigado por terem vindo”.

Uma habitante de Canelas Maria Ferreira afirmou à Lusa que o padre Albino Reis é uma “excelente pessoa”, classificando os protestos como “fanatismo e doença”.

Referindo “nada ter” contra o antigo padre, Maria Ferreira adiantou que “não foi isto” que ele ensinou aos paroquianos.

Por seu lado, o responsável pelo movimento de apoio ao padre Roberto de Sousa “Uma Comunidade Reage!” frisou que “este é mais um domingo como outros que virão”.

Ao longo de meses, o movimento organizou um cordão humano, uma vigília, uma marcha silenciosa e recolheu 5.800 assinaturas para um abaixo-assinado para evitar a destituição do padre Roberto de Sousa.

“Até termos uma explicação válida por parte da Diocese do Porto, continuaremos irredutíveis”, disse Miguel Rangel.

O dirigente salientou já terem enviado uma carta para Roma e pedido um reunião com o Núncio Apostólico.

O antigo sacerdote de Canelas dirigiu uma carta ao bispo do Porto, ameaçando divulgar uma história de “comportamentos indevidos” imputados a um colega de outra diocese.

Na sequência, o bispo do Porto revelou, num comunicado, que denunciou às autoridades um “caso grave de comportamento de um sacerdote”, fora desta diocese e ocorrido em 2003.

A Arquidiocese de Braga assumiu que se trata de um padre de Fafe e que “por prudência pastoral” o suspendeu.

Sobre este facto, Miguel Rangel disse que “ninguém sabe” se ele já havia denunciado a situação e que, “até prova em contrária”, acredita no padre Roberto de Sousa.

O Conselho Presbiteral da Diocese do Porto manifestou, numa nota, “consternação” pelos protestos da população.

 

 

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