Ordem dos Médicos quer inspecção ao Centro Hospitalar do Algarve

Bastonário diz que há problemas em todo o país mas que no Algarve são mais agudos e que a gestão dos recursos humanos é "péssima"

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José Manuel Silva quer que a "Inspecção-Geral das Actividades em Saúde faça o seu papel" Miguel Manso

Uma inspecção à gestão do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) e um inquérito sobre as afirmações do presidente do Conselho de Administração sobre a actuação dos médicos daquela entidade foram solicitadas pela Ordem dos Médicos, disse o bastonário nesta sexta-feira.

“Achamos absolutamente essencial que o ministro da Saúde tire as suas conclusões e tome providências mas que também a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde faça o seu papel e, tal como já foi solicitado por escrito pela Ordem dos Médicos, faça uma inspecção ao CHA”, disse o bastonário José Manuel Silva, após uma reunião com vários médicos no Algarve.

Em causa estão um abaixo-assinado que reúne as assinaturas de 183 médicos do Centro Hospitalar do Algarve a denunciar a falta de condições nos hospitais que integram o CHA e queixas de doentes que se deparam com faltas de material.

O ambiente naquele CHA adensou-se mais desde que foram conhecidas as afirmações à comunicação social do presidente do Conselho de Administração do CHA, e ex-bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, apelidando de “burros” e “tontos” os médicos do serviço de cardiologia que informaram um doente que não poderiam realizar um exame por falta de material.

Em declarações à comunicação social, José Manuel Silva disse que existem problemas nos serviços de saúde de todo o país por via dos cortes impostos “além do que foi preconizado pela Troika” mas que, no caso do Algarve, se verifica “uma agudização de todos os problemas e uma péssima gestão dos recursos humanos”.

O bastonário lamentou a situação vivida no centro hospitalar algarvio e comentou que estes episódios são prejudiciais ao propósito de atrair para o Algarve mais médicos especialistas.

Sobre os comentários de Pedro Nunes relativamente aos médicos de cardiologia, o presidente do Conselho Distrital do Algarve da Ordem dos Médicos, Ulisses Brito, considerou em comunicado que Pedro Nunes “ao recorrer ao insulto dos médicos que cumprem o seu dever (...) só revela que não preza os profissionais da sua instituição”.

Caso as afirmações de Pedro Nunes sejam consideradas uma violação de preceitos éticos do Código Deontológico, José Manuel Silva diz que as consequências poderão variar entre uma repreensão ou uma censura.

“Não me parece que se chegasse a uma situação de suspensão e certamente nunca a uma situação de expulsão”, acrescentou.

As condições de atendimento do CHA e as polémicas com o presidente do Conselho de Administração foram motivo para que a Comunidade Intermunicipal do Algarve e o ministro da Saúde se reunissem nesta sexta-feira. O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, Jorge Botelho, considerou que Pedro Nunes está numa “posição insustentável” e sem condições para continuar a gerir aquele Centro Hospitalar.

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