Na OCDE, portuguesas são as que têm menos filhos, logo a seguir às sul-coreanas

Idade média das portuguesas na altura do nascimento do primeiro filho era já de 30 anos, em 2014.

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Às mulheres grávidas com distúrbios alimentares é aconselhado que informem sempre o seu médico da sua situação, quer aina se manifeste ou não João Guilherme

As mulheres portuguesas estão a ter filhos cada vez mais tarde e têm cada vez menos filhos. Não é novidade, o fenómeno verifica-se há anos e é comum a muitos países ditos desenvolvidos. Mas os dados mais recentes destacados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) revelam que o número médio de filhos por mulher em Portugal era o segundo mais baixo no conjunto dos países que integram a organização, logo a seguir ao exibido pela Coreia do Sul, em 2013.

Nesse ano, o número médio de filhos por mulher (em idade fértil) ficou-se pelos 1,21 em Portugal.  Nesta espécie de ranking elaborado pela OCDE (que aos 34 países-membros junta outros seis considerados desenvolvidos), só a Coreia do Sul apresenta um índice de fecundidade mais baixo (1,19). Aludindo a estes dados a propósito do Dia Internacional da Família, que se assinala na sexta-feira, a OCDE considera, em comunicado, que a evolução das tendências demográficas a longo prazo é “preocupante”, tendo em conta a quebra das "taxas de fertilidade" verificada em muitos países.

Em 2013, no conjunto dos países que integram a organização, em média, as mulheres tiveram menos de dois filhos — o índice sintético de fecundidade foi de 1, 67 filhos por mulher, cerca de metade do registado em 1960. Mas há países que inverteram esta tendência. É o caso de Israel, que em 2013 suplantou mesmo a Índia, com mais de três filhos por mulher em idade fértil. Estes dois países lideram a lista da OCDE.

De resto, quando se comparam estes números com os de 1970, a descida é generalizada, mas houve alguns países que, ainda assim, registaram acréscimos, quase todos ligeiros, entre 1995 e 2013. Não foi o caso de Portugal, que continuou no sentido descendente já observado há décadas: passou de 2,83 filhos por mulher, em média, em 1970 para 1,41, em 1995, e 1,21, em 2013. Na União Europeia, neste último ano, a França era o país com maior taxa de fertilidade, ligeiramente abaixo dos dois filhos por mulher (1,98).

A OCDE não faz análise sociológica, mas não deixa de frisar que as taxas de fertilidade dependem de muitos factores. Ajudar as mães e os pais a conciliar o trabalho com a família é um deles, tal como os incentivos fiscais e a existência de creches ou outro tipo de instituições que fiquem com as crianças para que "ambos os pais possam trabalhar", nota. 

Lembra, a propósito, que cada vez mais os governos tentam incentivar os pais a gozar licenças de paternidade e frisa que algumas medidas de apoio à família concretizadas na década de 2000 em vários países (Portugal está agora a dar passos neste sentido) tiveram um efeito significativo. 

Também o Eurostat quis assinalar o Dia Mundial da Família repescando dados de 2013. Nos números do gabinete de estatística da União Europeia, Portugal merece destaque por ter, em 2013, a mais elevada proporção de primeiros filhos (55,3%) no conjunto dos nascimentos registados nesse ano e das mais baixas percentagens de quatro filhos ou mais (3,1%).

O adiamento da maternidade era patente nas estatísticas desse ano: mais de metade das mulheres teve o primeiro filho depois dos 30 anos em Portugal. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística indicam, aliás, que a tendência para ter filhos cada vez mais tarde continua: pela primeira vez, em 2014, a idade média ao nascimento do primeiro filho foi de 30 anos. 

Em 2013, segundo o Eurostat, a Bulgária perfilava-se como o país onde as mulheres eram mães mais cedo (25,7 anos, em média) e a Itália encontrava-se na posição contrária (30,6 anos).

 

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