Ministério escolhe Alentejo para assinalar Dia da Saúde Mental

Depressão major, problemas ligados ao álcool e perturbações esquizofrénicas são os problemas de saúde mental que mais causam incapacidade em Portugal.

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O Alentejo continua a ter das mais altas taxas de suicídio do pais Rui Gaudêncio

A região do Alentejo, que tem a taxa de suicídios mais elevada do país e que apresenta a maior proporção de população carenciada no acesso a cuidados de saúde públicos em saúde mental, foi a escolhida pelo Ministério da Saúde para assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental, que este ano é dedicado ao tema da Dignidade.

Um estudo recente sobre o Acesso e Qualidade nos Cuidados de Saúde Mental, realizado pela Entidade Reguladora da Saúde, diz que, tendo em conta os serviços públicos de saúde mental, são 82% os habitantes desta região com nível de acesso classificado como "baixo" (menos de quatro psiquiatras por 75 mil habitantes) ou a residir a mais de 40 minutos de viagem de um estabelecimento. Não há psiquiatras, por exemplo, na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano e existe apenas uma unidade com cuidados de psiquiatria financiada pelo Estado.

É na região mais carenciada em termos de saúde mental que a Direcção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional para a Saúde Mental, concentrou o grosso das actividades que assinalam este ano a efeméride anual, que terá com debates científico e actividades artísticas. As comemorações oficiais serão no Teatro Garcia de Resende, em Évora. Este ano, a Federação Mundial da Saúde Mental definiu como tema Dignidade na Saúde Mental e o objectivo é sensibilizar a comunidade e combater o estigma associado a estas doenças.

A par do programa científico, decorrem na cidade de Évora várias iniciativas que incluem uma “Caminhada pela Saúde”, com a colaboração da associação local MetAlentejo, bem como uma peça de teatro O rei da Triste Figura levada a cena pelo Grupo Terapêutico do Centro Hospitalar Conde de Ferreira - Santa Casa da Misericórdia do Porto. As iniciativas inserem-se no projecto Saúde Mental e Arte que nasceu em 2011 da preocupação de abordar o estigma da doença mental através de novas perspectivas. A ideia é também levar o debate científico e outras iniciativas para fora dos grandes centros urbanos. 

Apesar de Portugal ser um dos países da Europa com maior prevalência de perturbações psiquiátricas, com mais de um quinto da população (22,9%) a sofrer de algum tipo de perturbação, os rácios de profissionais por habitante nas unidades públicas estão abaixo dos definidos pela Direcção-Geral da Saúde há já duas décadas.

Estas carências verificam-se num país em que os reinternamentos e a taxa de segundos episódios por problemas de saúde mental aumentaram, ainda que de forma ligeira, entre 2012 e 2013, um indicador de qualidade que pode indiciar um tratamento mal sucedido ou uma alta hospitalar precoce. Já nas taxas de suicídio não houve, nestes anos, variações significativas, refere o documento da Entidade Reguladora da Saúde.

A depressão major, os problemas ligados ao álcool, as perturbações esquizofrénicas, as doenças bipolares e as demências são os problemas de saúde mental que mais causam incapacidade em Portugal, referem os últimos dados (constantes do relatório Portugal Saúde Mental em Números-2013).

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