Marido assassina mulher a tiro em Sacavém e lança-lhe granada de seguida

Desde Janeiro, 29 mulheres foram mortas em contexto de violência doméstica.

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Com este caso, o número de mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica em 2015 aumenta para 29 Miguel Manso

Foi poucos minutos depois das dez da manhã que se ouviu uma explosão na rua Miguel Bombarda em Sacavém. Uma mulher, com cerca de 45 anos, foi assassinada na via pública. O marido, com cerca de 60 anos e de quem estava separada há uns meses, terá disparado vários tiros contra ela, tendo-lhe lançado de seguida uma granada. A informação é da Polícia Judiciária, que qualifica este homicídio como um crime passional. O homem, um taxista com experiência militar, suicidou-se a seguir.

Tudo ocorreu à porta do parque de recolha de viaturas da Rodoviária de Lisboa, em Sacavém, onde a mulher trabalhava como funcionária de limpeza. “Ela limpava os autocarros”, conta Célia Gomes, proprietária de um café-restaurante perto do local. Na manhã de ontem a vítima, que tem duas filhas já crescidas e uma neta pequena, ainda foi tomar o pequeno-almoço ao seu café. Mas o marido esperava-a à porta do trabalho, para cumprir uma ameaça repetida. “Ele maltratava-a e ela deixou-o e foi viver com uma tia há uns meses”, continua. Apesar de um alegado passado de violência, a polícia não confirma a apresentação pela vítima de alguma queixa.

Célia Gomes recorda-se de um episódio ocorrido há uns meses quando um jornal fazia notícia de um outro homicídio conjugal. “Ela disse-me que um dia destes era ela a ser primeira página de jornal. Via-se que tinha medo dele”, relata a dona do café. 

A PSP adianta que a mulher foi atingida por uma arma de fogo e depois “exposta à detonação de um engenho explosivo”. O comissário Rui Costa, porta-voz do comando metropolitano de Lisboa da PSP, precisou ao PÚBLICO que o corpo da vítima ficou desmembrado na sequência da explosão.
Junto ao corpo do alegado homicida foi encontrada uma pistola de baixo calibre. No local, esteve uma equipa de Inactivação de Engenhos Explosivos para assegurar que não havia risco de novas explosões. A rua esteve cortada até depois das 14h nos dois sentidos. Os dois corpos foram transportados para o Instituto Nacional de Medicina Legal para serem autopsiados.

Na noite de dia 25 de Dezembro, um homem também matou a mulher a tiro, no concelho de Armamar, no distrito de Viseu, tendo-se suicidado de seguida. Neste caso, os disparos terão ocorrido na casa do casal, com cerca de 40 anos, onde também estaria uma filha com 16 anos e o sogro do homem que terá usado a caçadeira. O caso foi entregue à Polícia Judiciária do Porto, que está a investigar.

Com estes dois casos, o número de mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica em 2015 aumentou para 29.A maioria das vítimas foi morta com armas brancas ou de fogo, segundo dados divulgados no mês passado pelo Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA). De acordo com o relatório da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), entre 1 de Janeiro e 20 de Novembro, outras 33 mulheres foram vítimas de tentativa de homicídio. 

Em 2014, 35 foram assassinadas por actuais ou ex-maridos, companheiros ou namorados. Outras sete mulheres foram assassinadas por outros familiares.

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