Greve dos enfermeiros nos hospitais do Barreiro e Montijo com adesão de 95%

Verão tem sido marcado por greves em vários locais. Na terça-feira o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses tem encontro marcado com o secretário de Estado, Fernando Leal da Costa.

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Os enfermeiros têm feito durante o Verão protestos em várias unidades Nuno Ferreira Santos

A greve de 16 horas marcada para esta segunda-feira no Centro Hospitalar Barreiro Montijo, contra a degradação das condições de trabalho nesta unidade em que se estima que faltem perto de 100 enfermeiros, contou com uma adesão de mais de 95% destes profissionais de saúde, segundo os dados avançados ao PÚBLICO pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

O protesto convocado pelo SEP acontece num mês em que têm sido marcadas paralisações em hospitais e centros de saúde de todo o país, com os enfermeiros a admitirem avançar para uma greve nacional. Na terça-feira será a vez do Centro Hospitalar de Lisboa Central (hospitais de São José, Capuchos, Santa Marta, Curry Cabral, Maternidade Alfredo da Costa e D. Estefânia), com uma greve de nove horas que acontece no mesmo dia em que a estrutura sindical tem encontro marcado com o secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa.

Para a responsável pela direcção regional de Setúbal do SEP, Zuraima Prado, o protesto nos hospitais do Barreiro e do Montijo “ultrapassou muito as expectativas” de 80%, com a maior parte dos serviços no Barreiro a atingirem paralisações na casa dos 100%, que afectaram em ambas as unidades serviços como as consultas, urgências e cirurgias.

A enfermeira considera que os números reflectem o descontentamento dos profissionais destes dois hospitais, “onde os enfermeiros que saíram por aposentação ou mesmo para fora [emigração] não estão a ser substituídos”. “O Ministério da Saúde não desbloqueia as vagas num contexto incompreensível de desemprego”, acrescentou a coordenadora do SEP, que contrapõe as 400 contratações para todo o país referidas por Paulo Macedo na sexta-feira com as 368 aposentações registadas até ao final do primeiro semestre.

Nas contas de Zuraima Prado, que ressalva não incluírem todos os serviços, só no Barreiro e Montijo seriam necessários mais 100 enfermeiros para cumprir as chamadas “dotações seguras”, alertando a dirigente sindical que a carência de profissionais “está a conduzir a uma degradação das condições de vida e de saúde dos próprios enfermeiros”, que diz registarem mais casos de burnout (esgotamento ligado ao trabalho) e de gravidez de risco, mas também “coloca em risco os cuidados de saúde prestados aos doentes”.

Como exemplos de precariedade, a dirigente refere que ainda persistem casos de enfermeiros contratados à peça por 4,5 euros por hora. Quanto ao excesso de trabalho, refere que com a falta de profissionais, acentuada pelo Verão, um enfermeiro acabou por estar escalado durante 26 dias de um mês. Questionada sobre as declarações do ministro da Saúde que atribuíam a exaustão à acumulação de funções entre o sector público e o sector privado, Zuraima Prado assegura que essa é “uma falsa questão”. “Os enfermeiros para acumularem funções têm de pedir autorização e é o ministro que dá a autorização. Só 6% dos enfermeiros têm dois empregos”, garante.

De acordo com fonte do gabinete de comunicação do hospital Barreiro Montijo, a adesão à greve foi de 86% no período da manhã e 80% durante a tarde.

 

 

 
 

 

 

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