Polícias exigem reunião com Passos ou protestos voltam à rua “com mais agentes”

Agentes querem sensibilizar o primeiro-ministro para as questões que os afectam. Recusa de Passos será um “erro” de “consequências imprevisíveis”, alertam.

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Os polícias e demais elementos das forças de segurança exigem, no rescaldo da manifestação há mais de uma semana em frente à Assembleia da República (AR), uma reunião com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. A decisão foi tomada nesta segunda-feira pela Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP), que junta os sindicatos mais representativos da GNR, PSP, ASAE, SEF, Guarda Prisional e Polícia Marítima.

“Endereçamos um convite de reunião. Queremos que tenha noção das situações que nos afectam. A reunião é muito importante e é com o primeiro-ministro porque os elementos que representamos são tutelados por vários ministérios”, explicou ao PÚBLICO, o secretário nacional da CCP, Paulo Rodrigues.

O mesmo responsável, que critica a ausência de respostas até agora do Governo às reivindicações dos polícias, avisa ainda que será “um erro se o primeiro-ministro recusar o convite”.  A manifestação juntou mais de dez mil polícias que acabaram por ultrapassar as barreiras e subir as escadas da AR.

“Acreditamos que é possível resolver esta situação através do diálogo. Se não for, o Governo não deixa outra solução que não voltar aos protestos. Isso dará razão aos que já só acreditam que a solução é recorrer a todas as formas de protesto possível. Se assim for, com a união entre vários sindicatos verificada no dia 21, voltaremos aos protestos na rua e com cada vez mais agentes”, explicou Paulo Rodrigues.

O também presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) recusou a ideia de que os “polícias voltem a subir as escadas da AR”, mas admitiu que, perante tal cenário, “se podem esperar manifestações ali com mais policias”. Rodrigues destacou que “as dinâmicas dos protestos” dependem do grau de revolta sentida entre os agentes e que “resultam das medidas de austeridade deste Governo”.

Os agentes esperam até 17 de Dezembro. Nesse dia, centenas reunir-se-ão num encontro regional no Porto no âmbito de uma série de encontros que se realizarão depois em Lisboa e Coimbra. “Não havendo resposta, iremos definir o que fazer, entre todos”, ilustrou Rodrigues.

Aliás, o dirigente, que insistiu que a manifestação em frente à AR foi pacífica, recordou o aviso do antigo Presidente da República Mário Soares que alertou Cavaco Silva de que será responsável pelo escalar de violência social caso mantenha este Governo em funções.

“Soares não incitou à violência. Foi um aviso importante. Há um estado de revolta social e estamos numa situação limite em que as pessoas agem já como quem perdeu tudo. O Governo deve ouvir os polícias para refrear os ânimos. Poderá ser muito complicado e ter consequências negativas imprevisíveis se se insistir num afastamento entre os polícias e os eleitos para governar o país”, disse ainda.
 
 

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