Líder da distrital do PSD de Coimbra elogia "notável competência" de secretário de Estado demissionário

Marcelo Gonçalves Pereira colocou uma nota no Facebook momentos antes de a demissão de Paulo Júlio ser conhecida publicamente.

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Paulo Júlio (à esquerda) apresentou nesta sexta-feira a demissão ao primeiro-ministro e ao ministro que o tutelava, Miguel Relvas Enric Vives-Rubio

Marcelo Gonçalves Pereira, líder da distrital do PSD de Coimbra, já reagiu à demissão do secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, Paulo Júlio, afirmando que “desempenhou sempre com reconhecida capacidade e notável competência todas as funções que lhe foram confiadas”.

“Num país onde toda a gente clama por reformas ‘no quintal do vizinho’, mas todos exigem a preservação do seu statu quo, Paulo Júlio mostrou uma coragem ímpar e uma determinação férrea ao levar por diante reformas dificílimas que o país esperava há dezenas de anos (para não dizer mesmo há séculos)”, adianta o líder da distrital social-democrata numa nota que colocou no Facebook momentos antes de a demissão ser conhecida publicamente.

Na nota, o presidente da distrital do PSD de Coimbra não faz nenhuma referência ao despacho de acusação conhecido esta semana, que imputa a Paulo Júlio um crime de prevaricação, punido com pena de prisão entre dois a oito anos. Contudo, o Ministério Público refere, no próprio despacho, que não pretende solicitar neste caso uma pena superior a cinco anos de cadeia, face à ausência de antecedentes criminais do arguido.

Em causa está um alegado favorecimento de Paulo Júlio, então presidente da Câmara de Penela, a um primo em segundo grau, que venceu um concurso para chefe de divisão na autarquia. O Ministério Público considera que todo o processo foi conduzido por Paulo Júlio, presidente do júri do concurso, com o intuito de beneficiar o seu primo, que ainda hoje desempenha as mesmas funções.

Na nota no Facebook, Marcelo Gonçalves Pereira sublinha ainda que “o seu rasgo, a enorme capacidade de antecipação e de compreensão da realidade (cada vez mais complexa e em vertiginosa mutação) e as suas evidentes qualidades de liderança fizeram dele um dos melhores elementos deste Governo”.

“Nem sempre estivemos de acordo (nem agora, quando decidiu sair), mas reconheço-lhe sempre um apurado sentido de missão, um exemplar sentido de responsabilidade e uma inquestionável fidelidade e submissão ao interesse público”, acrescenta o dirigente do PSD.

Marcelo Gonçalves Pereira acrescenta ainda: “Nunca serei isento ao referir-me a ele, porque é um dos meus melhores amigos e uma das pessoas que mais admirei (e admiro) ao longo da minha (já longa) vida. A sua simplicidade e a imensa disponibilidade para com os amigos, a correcção com que encara os problemas e dificuldades e a enorme generosidade que marca os seus comportamentos e atitudes fazem dele uma das mais grandiosas pessoas que conheci”.

O presidente da distrital considera que “a postura que manteve nesta hora difícil” diferencia-o da “generalidade dos políticos” e faz “parecer pequenos os elogios que convosco quis partilhar”.

Paulo Júlio foi presidente da Câmara de Penela entre Outubro de 2005 e Junho de 2011, altura em que suspendeu o seu segundo mandato para assumir funções no Governo de Pedro Passos Coelho. Curiosamente, no ano em que é acusado de ter cometido o crime de prevaricação foi galardoado com o prémio Autarca Empreendedor do Ano.

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