Sócrates deverá descer o Chiado com Seguro, Assis e Costa no último dia da campanha

A solução foi encontrada após um debate interno sobre os prós e os contras da aparição do ex-líder socialista.

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Sócrates foi o alvo Cavaco e os socialistas contra-atacaram AFP

Será a apoteose da campanha socialista. Francisco Assis vai descer o Chiado com António José Seguro, José Sócrates e António Costa a seu lado, depois do tradicional almoço na Trindade onde os socialistas tencionam sentar também Mário Soares e Jorge Sampaio.

O dossier Sócrates ficou assim arrumado depois de alguns dias de indefinição sobre a participação do ex-primeiro-ministro na campanha. “Eu nunca tive dúvidas”, garantiu o cabeça de lista às europeias aos jornalistas. A iniciativa de juntar o ex-secretário-geral à comitiva partira do próprio cabeça de lista que esta sexta-feira, em Santarém, confirmou a presença. “Vou ter José Sócrates comigo no almoço do último dia da campanha”, adiantou, antes de acrescentar que o antigo líder ia também “descer o Chiado”.

O PÚBLICO está a tentar falar com José Sócrates sobre o assunto, mas até ao momento não foi possível.

Um desfecho que Assis justificava com a “responsabilidade histórica de que o PS está acometido” de derrotar a toda a linha a direita nestas eleições. O que, traduzido, queria dizer que não era o momento para o partido se enredar em situações equivocas. A mensagem a passar era clara. O PS tinha de mostrar que estava voltado para o futuro mas, ao mesmo tempo, não tendo receio de assumir o seu passado.

A 12 de Março, numa entrevista ao PÚBLICO, o cabeça de lista socialista, Francisco Assis, afirmava que Sócrates iria “participar em algumas das acções que vão decorrer no âmbito das europeias” para dar “um sinal de unidade” do partido. A solução que agora Assis anunciou foi encontrada após um debate interno sobre os prós e contras da aparição do ex-primeiro-ministro na campanha, que agitou o núcleo duro do partido nas últimas semanas, como o PÚBLICO noticiou quinta-feira.

Derrotada fica, portanto, a linha de argumentação que considerava um risco a aparição do antecessor de Seguro. Nem mesmo a solução alternativa – a de incluir Sócrates na campanha mas numa iniciativa de menor impacto – conseguiu prevalecer. Seguro esteve com o cabeça de lista na noite anterior ao anúncio, depois do comício em Leiria. A negociação dos pormenores foram acertados, afirmaram ao PÚBLICO, “entre ontem e hoje”.

Mas a verdade é que o impasse criou desconforto entre os próximos de Sócrates. Ao PÚBLICO, socialistas apoiantes de Seguro desde a primeira hora reconhecem o debate instalado no interior do partido. “Há efectivamente esse debate entre dentes”, tinha reconhecido o também candidato a Bruxelas Manuel dos Santos, que elencava as desvantagens: “Poderia levantar velhos fantasmas e fornecer argumentos aos partidos do Governo".

“Eles têm pânico da imagem de José Sócrates, mas ele está a resgatar a imagem”, afirma o deputado José Lello ao PÚBLICO.

O parlamentar próximo do ex-líder adiantou também que a solução encontrada não era o que estava previsto inicialmente. “O que estava previsto era que não estivesse nada previsto. Admitia-se um encontro casual, fortuito para que Sócrates pudesse manifestar o seu apoio ao Assis, de quem é amigo. Mas não estava previsto que estivesse no esquema oficial da campanha”, explica Lello.

Lello vê o resultado final  como o sinal do “acantonamento das forças do partido”. Ou como Assis afirmou em Santarém, que “o PS está unido”.

 
 

   

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