“Debate entre dentes” no PS sobre a aparição do “fantasma” José Sócrates

A presença do ex-primeiro-ministro socialista na campanha eleitoral para as europeias está em stand-by por existirem vozes, próximas da direcção, que consideram a aparição do ex-líder um risco.

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José Sócrates poderá vir a ter de depor sobre a sua licenciatura Fernando Veludo/NFactos

O cabeça de lista do PS, Francisco Assis, anunciou há semanas que tenciona levar Sócrates a uma das iniciativas da campanha. Os argumentos a favor da aparição eram demonstrar a unidade do partido e defender o legado socialista no Governo. Mas a questão não é pacífica internamente e está a gerar polémica.

A realidade é que a campanha vai a meio e Sócrates ainda não deu sinais de vida. O PÚBLICO questionou Assis sobre a possibilidade esta quinta-feira, antes do comício nocturno em Leiria. O cabeça de lista do PS recusou falar sobre o assunto.

Mas a 12 de Março, numa entrevista ao PÚBLICO, Assis afirmou que Sócrates iria “participar em algumas das acções que vão decorrer no âmbito das europeias” para dar “um sinal de unidade” do partido.

Ao PÚBLICO, socialistas apoiantes de Seguro desde a primeira hora reconhecem o debate instalado no interior do partido. “Há efectivamente esse debate entre dentes”, reconhece o também candidato a Bruxelas Manuel dos Santos. O deputado Fernando Jesus admite a existência de “conversas” em que “pessoas próximas da direcção consideram que até podia ser nefasto” para a campanha.

Santos elenca as desvantagens: “Poderia levantar velhos fantasmas e fornecer argumentos aos partidos do Governo”, explica. O candidato admite até que o assunto “vá acabar em águas de bacalhau”. “Não me parece que se vá realizar. Se fosse para ter acontecido, tinha sido numa das iniciativas que decorreram no Porto”, considerou.

Os dois socialistas reconhecem, contudo, que a decisão não está ainda tomada. “O secretário-geral nunca se pronunciou sobre isso”, alerta Manuel dos Santos.

“Não houve nenhuma discussão oficial sobre o tema”, acrescenta Jesus, que reconhece a presença de Sócrates, mas incluído num esforço de integrar “os ex-líderes do partido na campanha”. “Porque não ouvir António Guterres, Ferro Rodrigues, Sócrates ou Jaime Gama”, questiona.
 

  

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