Seguro diz que alternativa aos cortes é o crescimento económico

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Seguro não abdica da defesa de funções sociais do Estado Nelson Garrido

O líder do PS, António José Seguro, disse neste domingo, à chegada a Viseu, que o crescimento económico é a alternativa à destruição do Estado Social proposta pelo Governo. "O crescimento económico é que gera recursos para sustentar as funções do Estado Social. O que o Governo quer é cortar quatro mil milhões. Se é para cortar nas funções do Estado Social, não conta connosco", declarou, antes de se juntar ao Congresso da JS.

Questionado sobre as alternativas que os socialistas propõem ao corte na despesa que o Governo pretende definir com a ajuda do PS, Seguro reafirmou a discordância dos socialistas em relação a esse caminho. "A alternativa que o Governo propõe são cortes no estado social. Não concordamos que a solução seja cortar, destruir, o estado social para o salvar", prosseguiu.

As funções que o PS defende como competência do Estado são o acesso aos cuidados de saúde e ao sistema nacional de saúde, a escola pública e a segurança social. "Estamos muito firmes nestas convicções", salientou Seguro, em declarações captadas pela TVI.

Contra estado low cost
Depois destas declarações, já durante o encerramento do congresso da JS, Seguro avisou o Governo de que o partido não será cúmplice na criação de um Estado low cost para os portugueses e defendeu que “a protecção social não é um capricho dos socialistas”, mas “uma necessidade de toda a sociedade portuguesa” para manter a coesão social e combater as desigualdades sociais. Na sua opinião, “é isso que está em causa, não é um exercício de contabilidade numa folha de excel”.

“Tenho consciência da dificuldade do caminho que temos de prosseguir. Nós temos um caminho estreito, mas temos um caminho diferente para mobilizar os portugueses, de modo a sairmos desta crise e construirmos um país diferente”, garantiu o líder socialista, que considera falsa a ideia de que não há alternativa à austeridade, apesar de reconhecer que se vive “uma situação de grande emergência” em Portugal.

Para o sustentar, deu exemplos de propostas que têm vindo a ser apresentadas pelo PS, como a criação de uma linha de crédito para pequenas e médias empresas, o uso dos fundos estruturais para programas de reabilitação urbana, de modo a preservar empresas de construção civil, a redução dos custos de energia e a criação de um banco público de fomento que ajude a economia.

O secretário-geral do PS lamenta que o Governo tenha fechado “os horizontes da juventude portuguesa”, retirando-lhes a esperança e confiança e não lhes apontando outro caminho a não ser o da emigração. E mostrou-se indignado por “um primeiro-ministro que pediu tantos sacrifícios aos portugueses, cujos resultados falharam”, não ter agora nada para lhes dizer, nomeadamente “pedir-lhes desculpa” e “reconhecer o seu erro”.

Voltou também a questionar a razão por que o executivo pretende cortar quatro mil milhões, acusando o Governo de ter estado a negociar com a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) essa solução nas costas dos portugueses. Um argumento que já tinha exposto numa intervenção feita na sexta-feira passada, à noite, quando disse que se recusava a colocar o PS como "muleta" do Governo.

O facto de o Governo estar a trabalhar com técnicos no sentido de encontrar formas de cortar na despesa pública – a repensar as funções do Estado – veio a lume através de uma declaração do antigo líder do PSD Luís Marques Mendes, hoje em dia comentador da TVI24 e conselheiro de Estado de Cavaco Silva.

No seu habitual comentário no programa "Política Mesmo", na TVI24, Mendes afirmou na passada quarta-feira, que as reuniões dos técnicos do FMI tiveram lugar nos ministérios da Administração Interna e Defesa.

O ex-presidente do PSD afirmou ainda que a reforma vai passar por várias concessões a privados, dando como exemplos as florestas, centros de saúde e os transportes públicos, pela mobilidade especial da função pública e com mais pagamentos por parte dos portugueses na saúde e na educação.

Marques Mendes dá mesmo alguns números sobre os cortes na despesa que vão ser feitos com esta reforma do Estado. No total serão 4 mil milhões de euros: 500 milhões na defesa, justiça e segurança e 3,5 mil milhões na segurança social, saúde e educação.

Notícia actualizada às 16h15
Acrescentas novas declarações de António José Seguro

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